quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Reflexões sobre o ódio e a indiferença...

(Eu considero este texto sério -mas pode ser que alguém não tenha as mesmas considerações -, entretanto, peço que leiam-no com cuidado e que se esforcem ao máximo para que não entendam coisas que não estão escritas aqui)

É incrível e extremamente impressionante a capacidade que o homem tem em desenvolver por diversas formas e graus os sentimentos mais pérfidos e insidiosos. Semelhantemente maravilhoso é o modo como podemos assimilar sentimentos alheios. Como somos influenciados pelas opiniões de outras pessoas.
Bom é que se ouça as opiniões, mas que se confira também a consistência delas. Quão interessante, então, pode ser confirmar a opinião de uma minoria (ou de uma maioria, isso não importa). Seria agradável se as opiniões sobre as quais se confirma a autenticidade fossem todas boas. Entretanto, na grande maioria das vezes é sempre ruim ou pior a constatação da realidade, e quando são boas não possuem verossimilhança.

Quando estas opiniões giram em torno de algum outro ser partícipe da espécie humana a surpresa é ainda maior, pois não há limites para o repulsivo, o ultrajante, o patético e o repugnante em descendentes de símios.
E, apesar de sermos todos humanos (animais apenas um pouco diferentes dos demais), deveríamos defender o direito natural ao ódio ou ao desprezo do nosso "próximo", pois ambos os sentimentos também podem ser encontrados facilmente na natureza.

A característica principal dos seres humanos é seu ser social, quer dizer, grande parte do que fazemos tem fundamento apenas por que estamos em sociedade, fazemos o que fazemos porque estamos diante do outro, poucas coisas são feitas por mera vontade individual. Neste sentido, a indiferença seria uma das poucas “atitudes” que poderiam ser consideradas, de certa forma, essencialmente individuais.
O ódio é um sentimento que necessita de um objeto odiável, ou seja, odiar implica ainda na existência do objeto que se odeia, isso pode ocorrer também, por exemplo, com um satanista que ainda pressupõe, apesar de odiá-lo, a existência de um cristo.
Já a indiferença/desprezo pressupõe um objeto apenas no início, pois é um sentimento de ação etérea, sutil, quase que uma inação em direção ao objeto desprezável (como filósofo, permito-me a invenção de palavras – ao menos encontrei uma utilidade em ser filósofo!) Depois da atitude indiferente estar completa, o objeto deixa de existir para o indiferente.
Infelizmente, quando não se consegue deixar de odiar, resta algumas opções não convencionais.
Se o ódio pressupõe a existência do objeto e o sentimento de indiferença o aniquila, o que seria mais indiferente do que a morte?
Portanto, se ainda o ódio domina o sujeito, bom seria dar cabo tanto do objeto material que se odeia(matéria...) quanto do sentimento ou objeto imaterial (forma... ).

Para um nórdico ou qualquer um que não foi contaminado pelo asceticismo do platonismo para o povo (quem lê e entende Nietzsche, entenda o que digo) – que nada mais é do que uma proliferação viral que contaminou todo o ocidente – poder-se-ia facilmente aniquilar ou eliminar o objeto odiável sem que surja culpa na consciência.
Parto da hipótese de que a culpa tenha sido inserida por domesticação asceta na consciência do sujeito. Por este motivo, não aconselharia tal atitude extrema a qualquer pessoa, e se alguém insistir na ação de desfazer-se de uma vez por todas do objeto que se odeia, bom é que se prepare com muita antecedência, pensando em todas as possibilidades, nas piores delas, pois já sabemos empiricamente que tudo tende ao pior... Principalmente quando se trata de ouvir a voz dos instintos mais baixos (e que são os mais fortes, por terem sido tão bem acorrentados pela moral decadente.)
Se se conseguir afastar toda a culpa, se se conseguir tripudiar a polícia e outros mecanismos de controle social, não haverá ninguém mais que condene o sujeito, pois matar é uma atitude inscrita em todas as espécies vivas no universo.

Depois de se mover de tal forma, a parte mais complicada será exterminar o objeto imaterial, isto é, livrar-se da presença eidética/mimética. Isto não será possível literalmente, pois outra característica humana é que nossa memória não é seletiva. Quando digo que se deve exterminar o objeto odiável, não quero dizer que o sujeito se livrará da imagem dele, mas que deverá adotar uma atitude de indiferença, deve-se mostrar tranqüilo quando ela se apresentar à mente, exatamente por que não existe mais materialmente, agora é apenas mais uma das várias ilusões que criamos, não pode mais exercer influência concreta. Isto se chama indiferença, não se movimenta mais por algo que não pode provocar influência concreta.

Sujeitos psicologicamente fracos e dependentes não podem e não possuem capacidade para tanto. E nisto se configura a consciência decadente de um seguidor do platonismo popular, a saber, que a simples imagem representativa, apenas a imagem mental das coisas já é suficiente para atormentar-lhe.
E é exatamente por este motivo que se torna tão dificultoso encontrar pessoas que tenham capacidade de livrar-se do ódio; pessoas que odeiam demais apenas estão dizendo que não podem livrar-se do daquilo que odeiam, que não têm força suficiente para tornarem-se indiferentes...

A indiferença é para humanos superiores, fortes, potencialmente fortes. Aqui se encontra, talvez, a raiz do ubermansch!

Entristeço-me, porém, de tal modo por ter de reconhecer que fui tão bem domesticado por esta sociedade, a ponto de perder a coragem de desfazer-me de objetos tão organicamente desprezíveis (sim, me refiro a humanos)

Isto explica muitas coisas!

13 comentários:

  1. Bom, a começar eu achei seu texto um pouco complicado, digo um pouco difícil de se entender, tive que ficar com um "livro dos burros" aqui do lado, não quis acreditar que entendi, mais tenho minhas duvidas kkk.
    Você é um ótimo escritor, eu sou um pouco suspeito, mais tudo bem. eu achei seu texto quase que uma aula de vida, mais prometo n segui-lo. Parabéns!!!
    Ah e ser filosofo não é nada ruim viu!

    OBS: Me desculpe se escrevi algo errado.

    Eliabe Gamaliel

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  2. E aí, Eliabe, blz? Então, nada de errado no seu comentário, e aliás, não se deve desculpar-se por dizer coisa errada a respeito desse tipo de assunto, pois não sabemos bem ao certo o que seria errado. E eu não pediria pra vc ler se não acreditasse que pudesse entender.

    Agradeço sempre por ler meus textos e comentá-los!

    abraços

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  3. Olá Daniel.

    Li seu texto e confesso que tive dificuldade em entender onde você queria chegar. Entendi a relação entre a indiferença e a vitória sobre o ódio, só não consigo entender a necessidade de cortar relações com o resto da humanidade como você sugere no último parágrafo.

    Fazemos parte da sociedade, as pessoas que amamos e aquelas que nos definem estão nessa humanidade, estar na humanidade é parte do ser humano, nada de bom ocorre quando dela nos afastamos.

    Embora pareça impossível, prefiro acreditar que o esforço de cada um será capaz de, a longo prazo, fazer valer todo esse experimento antropológico.

    Enfim, voltando ao foco do artigo (desculpe de divaguei um pouco), concordo com a necessidade da indiferença para com determinados assuntos. Não seria capaz de coloca-lo com tantas palavras, mas sim, a indiferença seria capaz de nos livrar de uma série de problemas criados por nós mesmos, só é necessária uma dose de cuidado para não passar do limite saudável da coisa (como em tudo).

    Bom acho que chega, não? rs

    Abraços!
    André Luiz

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  4. E aí, André! Pow, fico muito feliz por vc ter comentado meu texto. O objetivo deste texto é mesmo oculto, rsrs, eu escrevi enquanto estava diante de um objeto detestável, rsrsrs, daí que eu tenha dito que me sinto triste por não conseguir me desfazer de alguns humanos, não de todos, apenas de alguns.
    E como eu aprendi que o grande segredo dos filósofos é transformar em teoria suas angustias e problemas pessoais, tornando-os universais, foi exatamente isso que eu fiz. kkkk
    A Sandra poderá te dizer quem é a criatura ultrajante. (e existem outros vermes semelhantes a este que vagueiam pelo mundo)

    Mas concordo plenamente com você quando diz que algumas pessoas poderão, com a oportunidade do tempo, nos mostrar quão boa pode ser a experiência antropológica, é o caso dos amigos, vc e a sandra são uma dessas pessoas. E tenho várias pessoas ao meu redor que posso colocar nesta categoria.

    Muito obrigado por comentar e ler meu blog, espero que faça isso mais vezes.

    abração!

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  5. Olá Dani

    Confesso que seu texto tem uma caráter impactante, mas no sentido positivo, de ser algo libertador. É fácil ir identificando algumas amarras pessoais no decorrer da leitura e se reconhecer fazendo força para superá-las.
    A indiferença é um ponto ao qual chegamos quando não há mais o que se fazer em relação a determinado assunto, e então, não nos resta mais nada a não ser ignorar completamente o "objeto" que causa a repulsa.
    Ainda hoje li uma frase mais ou menos assim: " tento não deixar que as coisas que não posso mudar interfiram na minha vida e no que devo fazer". É mais ou menos a ideia transmitida por você no texto: se não se pode mudar é melhor excluir da lista de "assuntos com os quais se deve perder tempo", e torcer para que cada vez mais as pessoas vejam com seus próprios olhos aquilo que já sentimos com todas nossas forças.
    Talvez seja a passagem para o super homem mesmo, ou seja apenas delírios de nós, filósofos atormentados, que sentem de forma mais aguda as mazelas do caráter da raça que se diz superior.

    Sandra Eugenio

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  6. É, Sandra, essa frase sua é perfeita: "Talvez seja a passagem para o super homem mesmo, ou sejam apenas delírios de nós, filósofos atormentados, que sentem de forma mais aguda as mazelas do caráter da raça que se diz superior"...

    E, sim, precisamos mesmo apagar da nossa lista as coisas que não devem ocupar o tempo, pois ele é muito fugaz para ser ocupado com coisas desnecessárias e ineficientes.

    Cada qual sabe o que é melhor para si... ao menos esperamos que saibam isso. rsrs

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  7. Olá Dani,
    quem vc quer matar deve ser parente ou professor... rsrs
    Realmente a indiferença é pra poucos.
    Quanto a matar materialmente, vc pode fazer contanto que não deixe provas q foi vc q fez. Porque mesmo se não fosse uma Norma geral que proibisse esse ato, certamenta alguém quereria se vingar disso. A não ser pessoas muito odiadas por todos, inclusive pela família, como os revolucionários. rsrsrs
    Gostei do Texto!
    Abraço!

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  8. Dani...só pelo gosto de usar palavras dificieis! No geral gostei mto do tema... realmente tornar o odio - indiferença num eh facil, mas é possivel :D

    O foda é qdo a pessoa não quer deixar de odiar...td bem q eu acho q o odio tem uma certa maturidade pra atingir até q se perceba o objeto q se odeia é uma merda tao grande, q não merece ter minhas energias gastas pensando nele, e eu passe a ignora-lo transformando o odio em indiferença.

    Mas sei la... isso nao demora tanto pra ser aprendido...demora pra se conseguir, mas nao pra saber.rs...

    Enfim.
    Tirando algumas considerações masterblaster pessoais... gostei mto!!

    Mto bons seus textos dani cu!

    bjo
    (num esquece de lavar a bunda!)

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  9. hahaha! Sentimentos como ódio, tristeza ou revolta me fazem utilizar meu léxico, kkkkk!

    E, sim, eu lavei a bunda já! huahuahuahua!

    Realmente, demora pra gente conseguir a indiferença, mas descobrí-la é simples!

    É a velha questão: teoria X prática!!!

    brigado por comentar!

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  10. Aooww Daniel!! É.. algumas coisas nem a supremacia de um Superhomem de Nietzsche pode entender! É.. por fim o homem passa, domesticado, como vc bem diz, mas passa! (Será isso algo bom no fim das contas!?hehe)...
    Indiferença é como capitalismo isso sim heyn Dani!?... nao vivemos sem ele! "Nas montanhas!?".. talvez la sim.. E aí??... mas... é... mas algumas coisas é mto facil odiar heyn!!.. MTO FACIL MESMO!!!...
    Sempre! Mto bom cara! É bom rever palavras suas! Tah.. causavam panico na sala as vezes, mas como sempre boas palavras!!..kkkkk...
    Grande abraço cara!!!

    Rafael

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  11. E aí, Rafael! Pow, agradeço mesmo por ter lido o texto! rsrsrs! Só nós, torturados do campo de batalha, nós os que sofremos algozes atrozes dos mosquitos da dengue é que sabemos quanto ódio se pode sentir, até que se chegue a extrema reação física, o vômito!

    kkk

    Agora, a galera já acostumou comigo... acho!

    Vc faz falta lá na nossa sala, pois vc era uma arma secreta dentro do território "inimigo", kkkk!

    abraços fortes! e vê se aparece!

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  12. É texto que me diz muito do que penso, o odio é um sentimento tão puro quanto o amor, por ser sincero e justo, justo por ser direcionado aqueles que merecem serem odiados por ter atitudes odiozas. A indiferença é o princípio do descaso diante da superficialidade da maioria da população.
    Congratulações pelo texto e que continue a escrever textos tão instigantes como esse.

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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Obrigado pelo comentário!