sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Louvor a Dionísio!

Desde que te conheci não pude mais me controlar, não pude mais esconder-me de mim mesmo, nem fugir de quem sou.

Você abriu meus olhos, me fez enxergar as cores da natureza, as formas sensuais do caos, do abismo e da morte.
Me fez ver força e coragem na tristeza e paz no desespero. Tudo se transmutou, se modificou. O mal tornou-se bem, e o bem, mal! E percebi que ser feliz é coisa que se desfruta no prazer da carne, na sensualidade da pele, no toque dos lábios, no cálice de tontear, em tudo o que não tem regras, limites ou impedimentos.

Desci às profundezas de meu animal interior, minha besta oculta, a selvageria que a todos desagrada ficou-me descoberta.

E a todos não fiz questão alguma de esconder que amo minhas profundezas e que não me envergonho das minhas podridões mais fétidas, dos vômitos mais nauseantes, das palavras mais torpes.

Por que, de fato, quanto mais regredi ao meu original humano, ao instinto mais baixo e vil... Quanto mais soltei os cães que em mim gritavam, mais cheguei perto do ar puro, da respiração sem vício, longe da massa, longe do povo decadente, longe do berro atordoante das ovelhas...

Oh, Dionísio, que em tudo me guias: nas sendas de heroismo e tragédia! Oh Dionísio, deus da desgraça e do amor, do ódio e da ascendência... Amo-te com ódio em carne viva!

Levanto minha taça e brindo tua loucura!

5 comentários:

  1. Daniel!!! Quase tive um orgasmo lendo isso! Bjos!

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  2. Salve Salve Rapaz!
    O texto é muito interessante! =)
    Então, eu também adoro Dionísio, a representação da festividade desse deus, a música e a dança, a sensualidade, o corpo, a relação com a natureza e os estados de transe, fantástico!
    Fiquei pensando sobre o que escreveu, e vejo que esses elementos Apolo/Dionísio se misturam quase sempre, falo aqui do Apolo/Dionísio no sentido mais amplo, seja na mitologia, seja na filosofia e literatura,tem coisas que não sei até que ponto começa um e se inicia o outro, a própria relação da música, a música é Apolo/Dionísio, pegando pela coisa mais crua, a concepção de arte Dionisíaca grega é da representação dos estados de consciência, muito legal quando você diz sobre o cálice de tontear, que no orkut vc coloca como cálice se sensualidade, é isso né? Então, o Dionísio é o Deus da intoxicação, o vinho, as uvas, são uma manifestação do prazer físico, mas a embriaguez é uma anestesia, e o vinho também é metáfora dessa anestesia, se trouxermos esse mesmo arquétipo para os dias de hoje, veremos que o vinho é metáfora para algo mais profundo, não é só o vinho, o vinho é colocada porque é agradável, é sensual, mas embriaga, é uma sedução, um canto da sereia, uma forma de ilusão, pegando para esse lado claro, existe o lado mais elevado que é o estado de consciência que tanto é usado pelos xamãs e espiritualistas, e existe o lado mais negativo que é o não lidar com a dor que gera o vício, então esse seria o lado mais profundo...

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  3. ...Continuando...

    Você falou do amor a morte, é interessante notar também que Dionísio é no mito também relacionado a Perséfone, a deusa do mundo avernal, e que ele representa também Hades, marido de Perséfone e deus do mundo subterrâneo tendo o mesmo nome desse deus, Dionísio também se liga a morte, ele de fato desde de o nascimento desce ao Hades, ele é senão o deus da paixão viva, da liberdade da vida, da aceitação da sensibilidade, da rejeição a razão, o extase sexual é senão elevação da consciência, as bacantes que não aceitavam esse deus em rituais se tornavam loucas, porque de fato precisa-se despojar da consciência e aceitar o inconciente para ele se manifestar... acho muito interessante os rituais xamânicos, seja com pajés, com pai-de-santos ou babalorixás, eles tem todas as ligações dionisíacas típicas, a música leva ao transe, dionísio é libertação através de algo que estimule, música, ervas, chás, drogas em geral, bebidas, e por aí vai, ele é movimento, o fluir, o sentir, o deixar ir, não há a preocupação com o outro apontará o dedo, ele é a própria necessidade de fuga e elevação...
    Numa concepção mais elevada seria justamente a percepção da espiritualidade sem explicação, a fusão com o todo, não a individuação, enquanto que em um aspecto menos elevada poderia dizer que uma pessoa muito sensível e frágil que não consegue não depender de drogas pra viver, esse mundo de drogas é pra ele muito mais prazeroso e contraditoriamente auto-destrutivo, ele não mais é a pessoa sensível que fora anteriormente, pegamos um exemplo, um jovem sensível e músico criado em família tradicional que espera dele determinados resultados, e a cobrança é forte, se a pessoa for excessivamente sensível ele fugirá e se autodestruirá, se a mesma pessoa tiver oportunidade com uma família mais tolerante ou mesmo que ele tenha mais força interior, sua sensibilidade artística acaba sendo estimulada e ele pode se manifestar como deseja...

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  4. Eu não poderia falar de Dionísio sem falar dos anos sessenta e setenta, o movimento hippie, os shows do woodstock, nossa, aquilo é muito dionisíaco, Jim Morrison dizia que era Dionísio, e ele foi mesmo um Dionísio, encorporou muito o mito e se tornou um Dionísio no inconsciente coletivo...
    É interessante você dizer que aceita seu lado sombrio, justamente porque muitos homens temem lidar com o inconsciente, com o universo feminino, dos sentimentos, esssa aceitação da descida ao Hades, como o fez Perséfone ou Ishtar, é o que nos traz poder interior, eu me lembrei disso porque a mulher é cíclica, ela é luz, vida, fertilidade, mas também é transformação, por isso a serpente ser associada ao mulher; a mulher muda com muita facilidade, por isso não menstrua a toa, a menstruação também é dádiva feminina por mais que muitas mulheres sofram com isso, pelo fato que é na menstruação que há a purificação do corpo, alma e mente, é no momento do ciclo menstrual que ela tem que lidar com seu lado mais subjetivo e inconsciente, a tpm é senão o excesso de energia acumulada e mal resolvida que é exposta no ciclo para purificá-la, vem a tona e sai no sangue, se ela estiver bem não terá tpm, ou se aceitar o ciclo isso não ocorre; o eterno retorno, o ouroboros é comum na mulher, ela sempre muda, lembro de uma frase que dizia assim "Uma mulher fica com um homem achando que vai mudá-lo, e passa o tempo ele continua o mesmo, e um homem fica com uma mulher achando que ela não vai mudar, passo o tempo e ela muda", kkkkkkkkkkk, claro que homens podem mudar mas acho que vc entendeu, rsrs, e o homem que aceita o ciclo natural da vida, é aceitar esse universo tão ligado a mulher mas também aos homens, por isso Dionísio era tão querido entre as mulheres, porque ele em partes tinha muito da mulher, ele é mais feminino que masculino, ao contrário de Apolo que é um deus masculino, ambos são fascinantes, antagônicos!
    Eu gosto de escrever e se pensar mais coisas escrevo de novo aqui, rsrs

    Bjãooo

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  5. puxa, bá! Eu to bestificado aqui com o que vc escreveu! Passei a amar ainda mais esse deus mitológico, que existe nos meus momentos de prazer e também de caos.

    Minha maior felicidade mesmo, bá, é partilhar de seu conhecimento, de sua amizade! isso é muito bom!
    Agradeço a Dionísio por você estar na praça santa teresinha, e por eu ter perdido o ônibus, kkkkkk!

    volte sempre que quiser. abração!

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Obrigado pelo comentário!