terça-feira, 26 de outubro de 2010

Qual será o futuro das religiões???

O discurso a respeito do conceito de passado, em geral é o de superação ou de esquecimento, tanto é assim que demos-lhe este nome "passado". No cristianismo, uma das religiões que moldaram nossa cultura ocidental, o passado de alguém que "nasceu de novo", que se tornou cristão, é altamente perigoso, deve ser banido, importa apenas quem ele é agora como discípulo de Cristo.

A nível de mentalidade social (o inconsciente coletivo), o futuro se apresenta como progresso, avanço, esperança no melhor.

Por fim, geralmente o presente fica boiando no nada, pois ora estamos jogados no amanhã, esperançando utopias, ora estamos presos no passado, revivendo dores ou momentos agradáveis que não voltam mais.

De uma ou de outra forma, querendo ou não, estas operações mentais são realizadas no presente, quer dizer, eu e você, como cérebros pensantes, fazemos a síntese de passado e futuro no aqui e agora; futuro e passado, portanto, se transformam em cinzas em nossas mentes, justamente porque ocorrem no presente que, para nós, não tem valor algum.

A religião, como fator social, sempre existiu e existirá enquanto houver uma sociedade; e ela pode "aparecer" (fenômeno)também de formas não convencionais. Para que surja uma religião basta que haja crença, um sistema rígido que prescreva uma moral e defensores que a preserve das opiniões contrárias (heresias).

Deste modo, não necessariamente precisa-se existir um deus ou seres espirituais para que uma religião apareça.

Foi o que aconteceu com a economia dos modos de produção capitalista, que se transformou em uma grande religião social. Há todo um panteão, paraíso, bençãos e imortalidade na doutrina capitalista.

Não é somente a economia que pode se tornar religião, também os mecanismos de controle do Estado e as Instituições estão sujeitas a isso. E aí o perigo sempre é grande.

Quando falamos em "futuro das religiões" pensamos em novidade, em coisas diferentes, misteriosas e desconhecidas e que possam trazer respostas às perguntas mais complexas da nossa existência. Mas os homens são sempre homens (coisificados ou não) e os problemas que afligem os homens serão sempre problemas de homens. E os homens nunca querem resolver seus problemas...

O futuro das religiões está conectado ao futuro do homem, mas o homem não é tão importante para o Universo e é altamente descartável diante do funcionamento do cosmos.
Como disse Schopenhauer em seu livro "A arte de insultar":

Quase sempre, os chamados seres humanos não passam de uma sopa rala com um
pouco de arsênico.


Se o planeta Terra sofrer um "tilt", o homem some e some também tudo o que é do homem e que está conectado à sua existência: linguagem, história e religiões.


O que eu invejo nos animais é a memória seletiva. Nós damos importância a tantas coisas desnecessárias e investimos nelas tanta força, e se olharmos com um pouco menos de encantamento, nossa existência (que é singular e única) é tão efêmera pra se preocupar com questões igualmente vulneráveis. O problema é que temos apenas isso pra fazer aqui.

Por isso temos tanta necessidade de nos agarrar à história, ao universal coletivo que nos mantém vivos no giro frenético da Roda. A natureza toda, porém, permanece indiferente aos nossos sons desesperados.

Enfim, tudo muda, tudo é movimento e, como diria meu amigo Fábio: "quanto mais muda mais igual fica". E a história da humanidade pode nos mostrar que onde há humanos conglomerados há sempre as mesmas histórinhas, os mesmos probleminhas, tudo igual, com pouquíssimas diferenças.

O fato é que NÓS NÃO QUEREMOS MUDAR! Mudar é muito cansativo! Queremos a ORDEM! Queremos o conforto! Por isso é que as religiões prometem toda esta Ordem no Universo, todo este conforto da estabilidade. E também o ESTADO promete esta ORDEM E ESTABILIDADE. A impressão que eu tenho é que todos nós estamos sufocados, com fome e sede de ORDEM e ESTABILIDADE. Chega a ser esquizofrênica nossa ânsia por isso.

Não nos parece, portanto, que sofreremos modificações importantes e radicais, talvez aconteçam modificações apenas para manter toda esta civilização que já está pronta, apenas para manter a "ordem no universo".

Então, a resposta à pergunta: Qual é o futuro das religiões? torna-se fácil de ser respondida: O futuro das religiões é o futuro dos homens.

Qual é o futuro dos homens? O mesmo de sempre com 0,001% de modificações.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Indicação de Filme: Die Welle (A onda)

O assunto do filme: fascismo, ditadura, ideologia e adesão cega a totalitarismos.

"A Onda" é um filme intrigante e sedutor. É um tema atual, pois, mostra a outra face das ditaduras: aquelas que nós acreditamos e defendemos, uma que está debaixo dos nossos olhos, mas que fingimos não ver.

Um professor é convidado a lecionar história e política em uma escola na Alemanha.
Rainer Wenger, pretende mostrar como são os mecanismos do fascismo dentro de sala de aula, como um experimento em grupo. (algo parecido com uma experiência feita em Stanford.

Os alunos começam a viver como se estivessem realmente em um regime fascista, mas apenas para fins de ensino...
O problema é que eles passam a acreditar no "regime"... Ao qual colocam o nome de "A onda"

No filme, a adesão dos alunos à ideologia ditatorial (embora experimental) ocorre de forma urgente e impensada. Não foi o professor, entretanto, em sua experiência solitária, que conseguiu seduzi-los, subjugá-los. Os alunos já se encontravam em situação caótica, por isso qualquer aparência de liderança que surgisse teria adesão com igual intensidade.

Coisa parecida ocorreu com o nazismo e outros regimes (e o filme tenta levantar esta discussão). "Pintamos"(trocadilho...) Hitler em toda a sua monstruosidade como se ele fosse sozinho responsável por todo o genocídio nazista. Esquecemos de que todo o povo aderiu suas idéias, já tinham uma mentalidade parecida com a de seu líder, houve uma sinergia entre ambos, povo e liderança. Hitler apenas representava, apenas atuava, exercia o papel que o povo queria exercer, ou seja, quem praticou toda a barbárie nazista não foi Hitler apenas, mas todo o povo em conjunto.

Israel e alguns judeus também incorrem no mesmo erro se olharmos as barbaridades que praticam contra a Palestina! (O oprimido que agora oprime a outros - o círculo vicioso)

Também a igreja católica já possuia, bem antes de Hitler, campos de concentração anti-semitas, e leprosários onde eram depositados e esquecidos os doentes... (Mas disso é proibido falar!)

Nossos hospitais (como lugar de afastamento dos doentes da vida social) e nossos sistemas penitenciários também são exemplos próximos a este assunto...

Em épocas de eleições, em que alguns dos candidatos à presidência do Brasil promovem o discurso amigável das grandes empresas e escondem nas entrelinhas o totalitarismo da classe dominante, este filme é um bom aperitivo de discussões e possíveis mudanças de atitudes.

Quem quiser assistir (tenho 3 links pra baixar):

Clique aqui

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