sábado, 26 de fevereiro de 2011

Música boa para os ouvidos (indicação)



A mummers dance é uma das minhas músicas preferidas.



Tradução da música:

Na época de primavera
Quando as árvores estao coroadas com folhas
Quando os freixos e carvalhos, e os vidoeiros e yews
Estão todos vestidos com fitas

Quando corujas chamam a lua descoberta
No azul véu da noite
As sombras das árvores aparecem
Por entre as luzes dos lampeões

Nós estivemos perambulando a noite inteira
E uma parte deste dia
E agora novamente retornando
Nós trazemos um garland gay*

Quem irá descer para os escuros bosques
E intimar as sombras de lá
E amarrar uma fita naqueles braços protegidos
No tempo de primavera do ano

As canções dos pássaros parecem preencher o bosque
Que quando o violonista toca
Todas as suas vozes podem ser ouvidas
Através de seus dias passados na floresta

E então eles juntaram suas mãos e dançaram
Rodando em circulos e em fileiras
E então a jornada da noite se acaba
Quando todas as sombras se forem

Um garland gay nós te trazemos aqui
E em sua porta nós ficamos
Ele é um broto bem como um botão
O trabalho das mãos de nosso Senhor


*Garland Gay é uma oferenda a um Deus, normalmente um
ramo de flor ou algo do gênero, usado em rituais
pagãos.


Loreena Mckennitt é uma das cantoras que eu mais admiro. Banda perfeita, cantora perfeita!

A música Mistic Dreams é tocada na abertura do filme "As brumas de Avalon".




Uma música diferente para sair do padrão sempre é bom!

(aqui está um trecho inicial do filme "as brumas de avalon" pra atiçar o desejo dos leitores)




(ah, sim, detalhe para a violoncelista linda que está tocando)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Indicação de Filme: "A excêntrica família de Antônia"

Assisti ontem, pela segunda vez, ao filme "A excêntrica família de Antônia".

É um daqueles tipos de filme que depois de ter acabado continua exercendo influência na nossa cabeça.
Cheio de tragédia e comédia, tal como é nossa vida, o filme mostra como uma família pode ter tantas nuances, tantas diferenças e mesmo assim conseguir conviver bem. Fala sobre escolhas, estética, alegria e tristeza... e morte! kkk
Realmente, os personagens que compõe a família de Antônia são extremamente excêntricos, anormais, fora do padrão: um filósofo pessimista, a netinha superdotada, a filha lésbica, a avó louca, o padre herege, a amiga que adora procriar, a vizinha que sofre abusos sexuais entre outros divertidíssimos, alguns odiáveis!

Ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. E, cai entre nós, é foda pra cacete! Fotografia perfeita, música perfeita, de uma inteligência e humor ácido absurdos.


Vai aqui a ficha técnica:

Diretor: Marleen Gorris
Elenco: Wileque Van Ammel Rooy, Marina De Graa, Dova Van Der Groe.
Roteiro: Marleen Gorris
Duração: 102 min.
Ano: 1995
País: Holanda/Bélgica, Ing
Gênero: Drama



Quem tiver interesse, assista este filme com os amigos que é muito interessante. Uma cervejinha do lado, uns aperitivos e bom gosto combinam com ele.

(foi meio difícil encontrar o filme pra baixar, infelizmente não salvei o link, mas é só procurar, pois se não está no google, logo não existe, rs)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Apenas uma brasa...

Esta tragédia que nossa espécie nomeia VIDA...


Este desejo de revolução, de mudança, de movimento é um grito desesperado de tédio, de ódio e repúdio a tudo que é fixo, morto e estático demais!

Mas é apenas uma faísca, uma brasa que quer se tornar chama. Há tantas camadas que necessitam da força de um martelo para que se quebrem, e há tão pouca força para que o martelo seja utilizado!

Irei contentar-me, por enquanto (e talvez para sempre), apenas com este pequeno fogo dentro, esta pequena chama particular... Quereria, entretanto, que houvesse um incêndio, um caos nas estruturas do sistema... Mas um incêndio só pode acontecer se existir oxigênio...

O sistema sufocou todo o ar que existe... Apenas uma brasa não é o suficiente!

O meu irmão e amigo Bryan me indicou esse vídeo, eu assisti, fiquei pasmo, e depois de recobrar o fôlego, decidi postar aqui, junto deste texto.
A realidade política brasileira, penso, é bem mais complexa. Desconhecemos os joguetes políticos por trás das cortinas. Uma coisa, porém, é certa: esta mulher exerce a corretíssima atitude de incomodar (brasas costumam agir assim)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O poder está na mão do povo!!!



Acompanhei por jornais e sites de notícias a manifestação popular no Egito contra a ditadura de Hosni Mubarak. E desde o início meu coração pulsava mais forte todas as vezes que via aquela multidão lutando contra o que eles consideravam esgotado, contra um paradigma que não lhes cabia mais.



Eu estou consciente de todo o trabalho que eles terão pela frente, tenho certeza também de que o fim da ditadura de Mubarak no Egito só irá promover ainda mais o comércio, a troca de mercadorias e o acúmulo do Capital. Também sei que há intenções e poderes diversos que ficam por detrás das cortinas dessa revolução, que só ocorreu depois de 30 anos!!

Não estou escrevendo sobre esses detalhes (detalhes que são importantíssimos), mas apenas sobre a força que o povo possui para transformar o seu próprio mundo.

O que houve no Egito foi uma cisão, mas uma cisão que ocorreu e se alastrou em todo o povo, houve uma força motriz que impulsionou todo o povo a se unir contra seu ditador. O povo inteiro se organizou, se dispôs a lutar, a sofrer as perdas necessárias para atingir seus objetivos, e conseguiram isso.

Houve muitas mortes (e não saberemos jamais o número exato de mortos, pois isso não é interessante ao governo, né?), muitos que se feriram gravemente nas manifestações.

O ataque, por parte da polícia, foi intenso e cruel, e o governo tomou medidas estratégicas para cortar a comunicação via internet e celulares, justamente para tentar desestruturar a união do povo egípcio.

Mas a principal arma do povo contra o governo não foram as manifestações, foi a paralização de todas as atividades de produção. Eles fizeram o mercado parar, eles deixaram inerte a produção de mercadorias, e foi isso que preocupou os líderes, não só do Egito, mas dos Estados Unidos (que, como assistimos, estavam com os olhos todos voltados para aquela região)...

E, hoje, quando eu vi que o povo conseguiu atingir seu objetivo (e volto a dizer que não estou pensando nas consequências nem na trama obscura que envolve esse acontecimento histórico no Egito), eu chorei de alegria, e já fazia tempo que não chorava de alegria.

E fiquei pensando: Realmente, a força, o poder está entre nós. Sim, todo o aparelho de Estado, todo os mecanismos de controle do Capitalismo e do Estado (ambos são uma e mesma coisa) só estão onde estão porque o povo quer que assim seja.

É aí que brilhou novamente uma esperança (ainda que longínqua e ofuscada) em mim: há possibilidades e há meios reais, não abstratos, de vencer o capitalismo, de modificar as estruturas e as super estruturas deste sistema escravizante e desumano. E essas possibilidades estão todas em nossas mãos.

Escrevo isso com um pesar imenso, pois, como disse em outros textos, nós fomos todos domesticados e nossos corpos foram docilizados (utilizando o termo de Michel Foucault). Como ensinou um velho filósofo, Fredrich Nietzsche, a moral moderna construiu um carrasco interior em cada indivíduo, e este carrasco é responsável por fazer a manutenção de toda a manipulação externa que recebemos por parte tanto da religião quando do Estado ( e no nosso caso, também a manipulação da mídia).

Quer dizer, todos estes fatores foram consolidando uma consciência falsa, uma consciência que não é a nossa própria, mas a das grandes empresas, uma consciência de escravos, de consumidores, de animais domesticados. E esta consciência artificial que nós adquirimos ao decorrer destes vários anos de capitalismo modificaram também nosso comportamento, nosso pensamento e nossas relações sociais.

A luta dos egípcios foi uma luta válida, mas ainda não é o tipo de luta que necessitamos para libertar todo o povo dos modos de produção capitalista. E essa luta é bem mais complexa, pois envolve, como disse, dar um fim a esta consciência artificial que nos colocaram por meio da cultura, da educação e das propagandas.

Mesmo assim, por menores que sejam estas possibilidades, é possível lutar contra o capitalismo, sim. Mas isso não pode ser feito apenas por uma minoria, deveríamos tomar o exemplo do povo egípcio, que se uniu contra um inimigo em comum. Deveríamos nos unir contra este inimigo que nos é comum e que parece ser um ditador invencível. ESTE DITADOR QUE CONTROLA TODO O OCIDENTE E TODO O ORIENTE, QUE SE CHAMA CAPITALISMO, NÃO É INVENCÍVEL!!! Ele é mortal como todos nós somos!

Chamaram de luta branca, revolução branca, a revolução no Egito, porque foi uma manifestação sem tanta violência, por parte do povo, claro.

Nossa luta contra o capitalismo será de cores bem fúnebres, pois para vencer teremos de modificar a educação (os professores possuem papel importantíssimo nisso), modificar nossos hábitos de consumo, e ir à luta... E esta luta, talvez, exija mesmo que se derrame sangue... muito sangue!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Declarações semi-otimistas

Escrever é, para mim, uma forma de libertar-me de minhas angústias, saber que existem pessoas que leem o que eu escrevo é um conforto... Se alguém irá me entender eu ficaria ainda mais satisfeito, por ter encontrado um igual, um que compartilhasse das mesmas dores e das mesmas alegrias; mas se não houver quem me entenda, contento-me apenas em saber que minhas angústias são amenizadas quando escrevo, mesmo se ninguém ler.

Não estou preocupado em agradar ou desagradar o leitor desse blog, estou interessado apenas em tornar público algo que me é tão particular quanto os órgãos que me mantém vivo. Porque o pensamento é também aquilo que diferencia pessoas de animais... Por isso eu acredito que os animais tem mais dignidade do que certas "pessoas", pois se assemelham mais ao ideal de humano que tenho em mente.

Por certo, animais não fazem conexões lógicas tão elaboradas quanto os humanos, mas são muito mais sensíveis, agradáveis e carinhosos. São muito mais sinceros que homens. Por este motivo, todos os meus cães possuem nome de gente, não nomes caninos, tais como: Totó, Lála, Bobó, Xixi, etc.

A infantilização mental não pertence propriamente às crianças com idade menor que 7 anos, mas a quase toda a civilização humana domesticada pelas mercadorias, pelas multidões de informações vazias, pelo Estado e pela mídia massificante.

Mas o assunto que me inspirou a escrever esse texto é bem mais complicado que isso, tem a ver com angústia, solidão e encarceramento.



Chorei longos momentos até que o sol raiasse hoje, até que a noite se dissipasse na janela. Minha cabeça estava sobremaneira atordoada com imagens e pensamentos.

Tudo isso é uma tragédia, eu pensava. Tudo isso é uma tragédia, tudo isso é uma tragédia... E isso se repetia irritavelmente na minha mente, nos meus rins, no meu coração e nos meus ossos.



Tudo isso? Tudo isso o quê? Tudo! Os prédios, as casas, as ruas vazias na madrugada, todas as pessoas dormindo, a sociedade toda é uma tragédia! Por quê? Porque estamos todos sozinhos! Não, não estamos sozinhos no Universo, o problema é bem mais cruel e apavorante! Estamos todos sozinhos entre nós mesmos, perdidos na nossa própria raça humana!



Estamos todos interligados pela internet, pelas avenidas, pelos corredores, trombamos aos solavancos com inúmeras pessoas. Mais de 6,5 bilhões de pessoas se entrecruzam todos os dias, todas as noites, todas as horas. Mas nunca estivemos tão solitários, tão abandonados, tão jogados quanto hoje!


E essa faísca de pensamento em mim se tornou uma grande queimada, um fogo que me consumiu, e todas as minhas angústias se aglomeraram em torno deste único foco: Estamos todos sozinhos e isolados uns dos outros.
A modernidade conseguiu aprimorar a técnica de isolar cada um em seu quadrado!




Não, não estou dizendo que não se pode lutar pela individualidade! Mesmo porque, defender a individualidade é reconhecer que eu tenho direito à liberdade, e reconhecer que todos à minha volta também possuem o mesmo direito.

O que eu detesto com todo o meu sistema biológico nesta sociedade é que não existe individualidade, só existe prisões individuais onde cada um deve ficar trancafiado sem contato algum com seus semelhantes.
As relações existentes não são naturais, são todas frutos da artificialidade de um mundo regado por livre competição, grupos, facções, raças etc.

Não, também não estou promovendo um tipo de amor cristão que é obrigado a amar a todos incondicionalmente. Eu amo quem eu amo, eu gosto de quem eu gosto, ninguém tem gostos e desejos iguais, cada qual deve amar e gostar de quem ou daquilo que lhe apraz.

Eu só sei que me soou tão falsa a estrutura das cidades, daquilo que chamamos urbano, de todas as metrópolis. Os carros respeitando os sinais, os semáforos, as faixas. Os pedestres atravessando quando se acende uma luz vermelha para os carros, os alarmes, a polícia... É tanta ordem, tanta ordem! Todos gritando por ordem, tudo deve estar no seu exato lugar na cidade! NÃO PISE NA GRAMA! NÃO FUME AQUI! NÃO ATRAVESSE ESSA PROPRIEDADE! ENTRADA PROIBIDA! NÃO TOQUE! NÃO CHEIRE! NÃO, NÃO, NÃO!


A cidade grita NÃO o tempo todo! As cidades querem controle e ordem, nada pode estar fora do lugar! É esquizofrênico, é doente, é anti-natural!

Isso tudo é uma tragédia, é uma tragédia!

E porquê é uma tragédia? É uma tragédia exatamente porque não temos outra estrutura, não conseguimos ir além disso, não podemos pensar em outra estrutura, em outra forma de resolver nossos problemas! É pecado, é crime... É LOUCURA! Tudo já está no seu lugar, tudo já está feito, tudo "já está consumado"!





E, nós, que não nos conformamos com essa estrutura maligna, cruel e atroz que criamos... E, nós, que desejamos ser libertos dessas grades... E, nós, que queremos aparecer sem máscaras, sem negar os instintos, os pensamentos, os ideais, sem negar nosso próprio corpo... Nós somos obrigados a olhar tudo isso e fingir que estamos bem, que está tudo correto.

Nâo podemos reclamar o tempo todo para que nossa angústia não seja banalizada!
Não podemos lutar contra isso, pois somos uma minoria ínfima!
Não podemos renunciar este sistema, porque ele domina todo este nosso planeta!
Não podemos fugir para a selva, porque já esquecemos o que os "primitivos" aprenderam com a Natureza!

Estamos castrados, amputados, amarrados, acorrentados, presos ao dia-a-dia trágico de um mundo que não é o que gostaríamos de viver.

E eles nos dizem: "São pessimistas! São anormais!"

Não é que não amemos a vida! Amamos tanto a vida que rejeitamos essa morte!
Amamos tanto a Natureza que nos entristecemos até a medula por não estarmos tão próximos dela quanto necessitamos.
Amamos tanto a vida que abominamos a sociedade modernamente primitiva!