quinta-feira, 15 de maio de 2014

Pequena Reflexão sobre Educação e Messianismo Filosófico



Tal é o grave impasse que nos encontramos. A sociedade moderna anda a passos largos de sua própria ruína e o clamor pela vinda do Messias se torna cada vez mais retumbante! Todos nós, espíritos livres e nobres, já estamos vacinados historicamente contra o engano e a ilusão da culpa. Mas é bom alertar os desavisados sobre como funciona a lógica desse processo e de como a culpa, os desastres sociais e a necessidade de um salvador escondem uma forte conexão.

ENCONTRANDO UM BODE
Primeira etapa do processo
Sempre quando a sociedade passa por algum período crítico de desconstrução, de colapso ou de transição começam a fervilhar grupos parecidos com os da inquisição católica na idade média. Como não se tem o costume de procurar encontrar a raiz primeira que originou o colapso e analisar rigorosamente os desdobramentos que se foram formulando após este ponto de origem, a lógica falaciosa subliminar que vai nos corroendo consiste em tentar por todos os meios encontrar um bode expiatório, um ou mais culpados pelo mal estar do momento.

CARIMBANDO A DOENÇA
Segunda etapa do processo

Floresce durante um período de crise se encontra quando o desespero é tão grande que os grupos científicos, sociais e políticos (e de todas as demais áreas, pois trata-se de um colapso simultâneo, apesar de aleatório) passam a exigir uma resposta imediata, um diagnóstico fast-food para pelo menos amenizar a sensação de destruição. Isso ocorre também, por exemplo, quando estamos doentes. A medicina avançou de modo tão maravilhoso que todos nós, ao ficarmos doentes, exigimos do médico um diagnóstico cirúrgico acerca do que sentimos, precisamos urgentemente dar um nome à doença...

- Ai, eu estou doente, médico, vou morrer! (chora copiosamente
-Fique tranquilo, isso é câncer maligno e já se alastrou por todos os órgãos do seu corpo
-Ufa! Agora estou mais tranquilo! 

 Esse comportamento de nomear a doença tem uma razão de ser, ela serve ao propósito de controlar a doença, pois nomeando a doença, nós delimitamos seus efeitos colaterais e temos a sensação (na maioria das vezes enganosa) de que conseguimos amenizá-la ou mesmo curá-la apenas por saber que tipo de doença é.
Estamos num momento parecido como o de um doente terminal, mas não queremos assumir nossa condição.
Filosofar, dentro desse contexto perigosamente desagradável, se torna algo árido, e complicado, pois aceitamos o dogma de que a filosofia pode nos ajudar a encontrar um caminho para nossa salvação. 

 A CHEGADA DO MESSIAS
Terceira Etapa do Processo 

Esta é a terceira etapa do processo de culpabilização (que é a outra face da moeda... de um lado temos o bode expiatório, do outro o cordeiro... não sei... mas parece que eu estou tendo um deja vu)
Queremos algo do tipo messiânico. 
Ora vejam! Que espanto!
Acreditamos tanto na racionalidade que agora tornamos ao nosso vício religioso! Somos tão fanáticos quanto os carrascos da inquisição católica. Claro que de uma forma muito mais sutil. Mas eis aí nossa aflição por transformar a filosofia ou qualquer outra área do saber humano em um Messias.
De preferência um Messias no gerúndio!
Ele está chegando...