sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Louvor a Dionísio!

Desde que te conheci não pude mais me controlar, não pude mais esconder-me de mim mesmo, nem fugir de quem sou.

Você abriu meus olhos, me fez enxergar as cores da natureza, as formas sensuais do caos, do abismo e da morte.
Me fez ver força e coragem na tristeza e paz no desespero. Tudo se transmutou, se modificou. O mal tornou-se bem, e o bem, mal! E percebi que ser feliz é coisa que se desfruta no prazer da carne, na sensualidade da pele, no toque dos lábios, no cálice de tontear, em tudo o que não tem regras, limites ou impedimentos.

Desci às profundezas de meu animal interior, minha besta oculta, a selvageria que a todos desagrada ficou-me descoberta.

E a todos não fiz questão alguma de esconder que amo minhas profundezas e que não me envergonho das minhas podridões mais fétidas, dos vômitos mais nauseantes, das palavras mais torpes.

Por que, de fato, quanto mais regredi ao meu original humano, ao instinto mais baixo e vil... Quanto mais soltei os cães que em mim gritavam, mais cheguei perto do ar puro, da respiração sem vício, longe da massa, longe do povo decadente, longe do berro atordoante das ovelhas...

Oh, Dionísio, que em tudo me guias: nas sendas de heroismo e tragédia! Oh Dionísio, deus da desgraça e do amor, do ódio e da ascendência... Amo-te com ódio em carne viva!

Levanto minha taça e brindo tua loucura!