quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Taubaté tem visgo, musgo e marmelada!


As eleições estão chegando e o circo já está pegando fogo faz tempo. Na verdade, o picadeiro foi armado, a palhaçada já aconteceu, o povo entrou em recesso e os políticos vão se aproveitar ainda do Carnaval e de todo tipo de mecanismos que encontrarem para ludibriar o povo nessa época tão importante. E ainda tem algodão doce ali na saída! Sinto muito pela pizza, mas ela acabou bem antes do circo!

E agora a mídia e a sociedade como um todo iniciam o processo de tortura ao cidadão. O coletivo oprime o indivíduo e cobra suas responsabilidades em relação à sua comunidade.
O deus do “tu deves” paira agora sobre cada indivíduo com trovões, raios e rajadas de vento que ecoam na consciência do sujeito. O artifício da culpa nunca é tão utilizado como em épocas de eleições.
“Vote consciente”, “vote em mim”, “vote nele”, “faça isso”, “faça aquilo”... “TU DEVES” aos milhares...

Diante da repulsiva atitude dos vereadores da cidade de Taubaté, diante de todas as falcatruas do querido ex-detento e prefeito Roberto Peixoto, diante de toda esta corja repugnante e parasitária, toda a responsabilidade por todos os erros cometidos são transferidos para o eleitor, afinal, foi ele quem escolheu a raça de aves de rapina nas eleições passadas! O povo é um rebanho de ovelhas o tempo todo, obedece, cala, consente, aplaude e se sujeita durante os anos posteriores à eleição, mas quando a época de fazer emergir das cinzas os nossos representantes chega, passamos de ovelhas obedientes a bodes expiatórios. A culpa é toda nossa!

O que é política, senão as relações econômicas existentes entre o Estado e as empresas privadas? O que é política, senão o desejo de lucro à custa dos servidores públicos? A política perdeu seu sentido primordial. Isso não aconteceu agora, é fruto de um processo lento como o câncer. E como um câncer, a política foi sendo corroída aos poucos e agora já não restam tantas pessoas que nela acreditem. O interesse não é mais o da pólis, muito menos, por consequência, o cidadão tem o mesmo papel que tinha. O papel do cidadão é de mero espectador do grande espetáculo capitalista!

Exigir, a essa altura do campeonato, que o cidadão exerça seu papel é exigir que continuemos a fingir que a máquina eleitoral democrática funciona, quando, de fato, o que funciona é este cassino de cartas marcadas. O papel do cidadão vai muito mais além do que apenas comparecer às urnas ao som dos bips esquizofrênicos! O papel do cidadão, realmente, é o de maior importância para a manutenção de uma cidade, de um estado, de um governo, de um país. Os deputados, vereadores, prefeitos, governadores é quem devem representar, não nós!

Infelizmente ainda há quem acredite que vivemos uma democracia, pior ainda é que existem inúmeros infelizes que defendem que esta “democracia” é participativa! E eu só consigo rir disso! Democracia é uma caricatura de um sonho que o capitalismo jamais permitirá acontecer da forma em que, inicialmente, foi concebida. E democracia participativa é um pleonasmo sarcástico demais para se defender com tanta seriedade... Se é a “cracia” do “povo”, logo o povo participa! Se é necessário instaurar “participativa” após “democracia” é porque alguma coisa já está fedendo, é uma indicação crassa de defunto putrefato, de coisa podre e repulsiva demais para ser ponderada.

O grande X da questão é que entre o voto de um cidadão e a posse de um determinado candidato existem coisas muito maiores que nosso vil conhecimento pode assimilar!
E aí eu ouço vários indivíduos condenando a atitude de uma mulher quando ela disse: “Eu prefiro pagar multa a ter que votar”.
Realmente, este também é um direito do cidadão. Ou ainda é democracia, a cracia que impõe ao sujeito o que ele deve ou não fazer em relação ao seu próprio papel de cidadão? Não seria isso uma forma velada de ditadura? Faz parte da decisão do cidadão o escolher não votar em ninguém, porque ele, em sua decisão livre e soberana, pode não compactuar com nenhum de todos os candidatos!

O voto, no Brasil, é obrigatório. Oras, não seria um direito do cidadão o não querer votar em ninguém? Afinal, escolher um candidato é o mesmo que escolher um escravo, que, teoricamente, irá representar as minhas vontades, as vontades da polis, a vontade do bem comum... Certo? Se eu não encontrar ninguém que esteja à altura de me representar, então eu tenho todo o direito de não votar, ou eu preciso escolher qualquer candidatozinho (o tiririca é um bom exemplo deste tipo) apenas para satisfazer a opinião alheia? Quer dizer que para que as pessoas não fiquem tristes comigo eu preciso, obrigatoriamente, votar em qualquer um?

Daí que eu seja contrário a esta obrigatoriedade no votar.

(Momento de divagação: Imagine se o voto no Brasil fosse não-obrigatório! Se assim fosse, quais tipos de cidadãos iriam às urnas? Aposentados? Idosos? Empresários? Professores? Estudantes? Quem? ... Quais tipos de candidatos estão realmente preparados para pensar e refletir sobre o que realmente precisam, sobre quem realmente deveria estar no poder?  Tenho um lapso de intuição! É um “achismo”, confesso, mas há muito fundamento nisso! ... Quantas pessoas são alfabetizadas, no Brasil? Dentre as não-alfabetizadas, quais as chances de que compreendam com maior clareza as propostas de um determinado partido? Quantos professores existem no Brasil? Dentre eles, quantos aprovam o sistema de educação brasileira? Afinal, se o voto não fosse obrigatório, quais áreas da sociedade estariam mais interessadas nas eleições? Tenho certeza de que perguntas como estas podem nos dar um feed-back mais coeso sobre o motivo de manter a obrigatoriedade do voto...)

O problema de Taubaté é que o buraco continua sendo sempre mais embaixo! Estamos numa democracia e, apesar de eu discordar deste regime político, escolher não votar também é uma forma de exercer sua cidadania, porque para escolher não votar é preciso escolher, isso não é também um "voto consciente"?

Votar no ”menos pior”(utilizando o jargão) realmente é uma atitude decadente. Quer dizer então que pra eu mostrar socialmente que eu sou um bom cidadão e me preocupo com o julgamento moral que podem fazer a meu respeito, caso eu não vote em nenhum candidato, eu preciso desesperadamente votar em alguém? Isso seria uma espécie de "voto não-consciente" certo? E inconsistente, reforço!

Agora, se pudéssemos colocar nas eleições um candidato do grupo de resistência, e se conseguíssemos mais do que apenas um, isso seria ótimo. E eu votaria nele conscientemente!

Mas como, pelo que temos visto no decorrer dos preparativos das eleições do fim do mundo, não haverão candidatos que resistam de alguma forma este poderio peixotiano (que já se tornou até um sinônimo para corrupção e banditismo), então eu também não irei votar, pois como cidadão eu possuo o direito de duvidar do processo eleitoral, o que aliás, acho uma grande parcela dos taubateanos duvidam!

Mesmo se conseguíssemos eleger um candidato que se posicione contrário a qualquer tipo de poder que prejudique o bem comum, mesmo assim, ele será apenas um num complexo emaranhado de jogo político, cujas cartas marcadas (Robson Lima, Luizinho da Farmácia, Chico Saad e outros da mesma estirpe -raça seria um termo mais plausível) fazem perdurar a ridicularidade taubateana.

Precisamos de movimentos sociais que pressionem, de mecanismos de resistência, tais como o “Transparência Taubaté”, iniciados no facebook.

E digo mais, grupos de resistência como este precisam sair da virtualidade e se reunir para discutir idéias, não apenas para protestar, mas para instaurar a prática da antiga ágora grega, de onde surgiu o conceito puro de democracia, que, posteriormente, foi deturpada e na qual nos encontramos algemados para sempre!
Eu, como cidadão taubateano, estou profundamente desapontado com minha cidade. Estou de malas prontas para migrar pra Vinhedo onde meu trabalho, como músico, é bem mais valorizado do que aqui.

Tenho que deixar meus parentes, amigos e conhecidos pra poder crescer, porque aqui isso não é possível a artista algum que se preze, que leve a sério seu talento.

Cito, apenas como exemplo microcósmico, a Escola Fêgo Camargo, que está abandonada nas mãos de pessoas como Ivo Salinas, que deixaram a qualidade da Escola cair a nível tartareano.

Uma escola onde os professores são expostos à exigências iguais às do ensino fundamental e médio, que se vêm obrigados a deixar que alunos que não tem o mínimo conhecimento musical passem de ano e peguem diplomas sem sequer ser dignos deles.
Cito também, como exemplo minúsculo, porém alarmante, o Teatro Metrópole, que cobra 2.000 reais para apresentações artísticas de seus próprios músicos, atores e dançarinos. Não há espaço público digno para se fazer boa música, bom teatro e boa dança. Temos que nos contentar com o Centro Cultural, com uma acústica péssima, com capacidade de apenas 150 pessoas sentadas.

Isso sem contar a manutenção do Teatro Metrópole, todos nós lembramos a quantidade de tempo que esperamos para que eles o reformassem. E, depois da reforma, ainda existiam trincas e rachaduras.
A Escola Fêgo Camargo tem professores excelentíssimos, alunos brilhantíssimos. Muitos de nós tivemos que deixar nossas casas e migrar para Barra Mansa (RJ), Belo Horizonte, Estados Unidos. E não tivemos apoio nenhum dessa prefeitura sem escrúpulos.

Todo ano os alunos de música almejam participar de festivais de música e, já que também não existe um festival de música em Taubaté (com mais 300 mil habitantes, renda gigantesca e uma escola como a Fêgo Camargo), juntamos nosso dinheiro e vamos a festivais de outros estados e cidades para aprender mais!

A prefeitura, quando ajuda, manda uma PERUA ou qualquer outro meio estapafúrdio de locomoção. Geralmente é um meio mesmo, termo do qual surge também a expressão "mediocridade"!
Dentro da Escola Fêgo Camargo, mais um exemplo (estou citando exemplos que fizeram parte da minha experiência durante mais de 13 anos de estudos nessa escola), o auditório é minúsculo, menor que o do Centro Cultural. O piano de 1/4 de calda já está arrebentado, devido à falta de manutenção (por acaso, o piano do teatro metrópole tem até arame pra evitar que a tampa caia durante as audições).

Como ia dizendo, de fato o que temos não é um auditório, mas um malditório.

No caso do piano, foi uma luta pra conseguir a compra dele. E com tantos anos de tradição na cidade, a Escola deveria ter pelo menos 2 deles. Na verdade tem 3! Um que está no teatro Metrópole, largado às traças; outro que está no auditório da escola Fêgo Camargo, em processo de deterioração; e mais um, também na escola Fêgo Camargo, que foi DOADO pelo honrado e falecido professor Alfredo Messina (outro músico de genialidade imensa - que, seguindo o padrão taubateano, não teve reconhecimento nenhum), mas que já é bem velho e mal cuidado! Ou seja, todos eles não fazem um piano digno!

Não falo isso apenas por que sou pianista, mas porque isso é apenas um símbolo da completa falta de respeito com o dinheiro público.
Concluo, pois, dizendo que citei exemplos pequenos que remetem a um problema muito maior.

Portanto, antes de me julgar pelos exemplos de microcosmo, peço que abstraiam e joguem essas minhas críticas a nível de macrocosmo, a nível de gestão do município de Taubaté, e analisem conjuntamente todas os outros inúmeros exemplos que bem conhecemos.
 E, finalmente, repensem o criticar alguém que expressa a total descrença na máquina eleitoral vigente, e que, por tais condições contextuais, se nega a votar no "menos pior"..
Eu vou estar em outra cidade ano que vem, bem longe disso tudo. Porque já estou enfadado de não ser reconhecido como artista que sou, e falo por inúmeros artistas que já saíram dessa cidade com a mesma intenção, com o mesmo desalento, dentre os quais conheço muitos.

Monteiro Lobato era um desses também. Taubaté perdeu! E continua perdendo!
É muito fácil jogar frases prontas no facebook para defender alguma coisa. "Quem não gosta de política é governado por quem gosta" e etc...

Isso é muito relativo! Porque eu gosto muito de política e não governo ninguém! E pode ser que quem não goste de política governe quem goste! Também é o nosso caso. Ou vocês irão me dizer que nossos deputados federais e estaduais gostam de polítca? Eles gostam é de dinheiro!

E isso se estende a vários políticos!

A verdade é que não existe mais política no Estado Moderno! Existe apenas Economia! E este é um ponto que nós ainda vamos demorar pra entender!

Aceitar isto no discurso é diferente de assimilar isso e, a partir desta assimilação, modificar a forma de encarar o sistema. Só assim conseguiremos novas estratégias de resistência.

Daí que eu seja favorável a que os grupos de resistência se reúnam e discutam novas idéias, novas propostas, procure pessoas que articulem as idéias com a prática e se misturem!
É preciso entender melhor não somente os movimentos dos trâmites políticos e burocráticos. É preciso aprofundar o conhecimento para melhorar ainda mais a prática!
Quem tem conhecimento, tem poder!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Bagagens, malas e lembranças...

Dedico este texto a todos os meus amigos e à minha família! 

 Lembro-me de quando me despedia de minha madrinha, na minha infância. Todas as vezes que eu a visitava em São Luiz do Paraitinga, nos sítios ou em sua casa nova, depois que ela machucou a perna e não pôde mais cuidar dos animais, da fazenda e das montanhas que haviam em sua antiga casa. Eu, ao entrar no carro, depois dos vários abraços, sentia um nó na garganta, como se nunca mais a fosse ver novamente. Como se todos os momentos com ela tivessem um ponto final, e de verdade, nunca tiveram... 

 Eu acordava cedo pra tirar leite das vacas, ou buscar o gado com ela em lugares distantes, que para mim era uma aventura! Acendi fogueiras nas montanhas, brinquei de voar nas alturas, corri por lugares secretos na mata e descobri a natureza. Na minha mentalidade infantil, tudo aquilo era magia, fantasia, e estes momentos me moldaram, me levaram a acreditar que a natureza é bela, que os homens é que são intrusos, que toda a natureza já existia antes mesmo de nós!

 Daí que eu me sentisse tão triste por deixar a casa de minha madrinha, porque lá eu descobri tantos mistérios, vivi tantas aventuras e desenvolvi minha imaginação infantil de uma maneira tão saudável! Viver uma vida simples, próximo da natureza, em contato com um ar tão puro que jamais respirarei novamente, cuidar dos animais e me divertir sozinho nas montanhas, ouvir os rios e cachoeiras seguindo seu curso foi um aprendizado incrível.

 Viver de forma simples me seria tão mais aprazível que desejar a fama, os aplausos e o reconhecimento. Infelizmente, nesta minha vida, meu desejo sempre foi maior que minha imaginação. E quanto mais desejo, mais sofrimento experimento. Não é possível domar o desejo que em mim queima intensamente, é como tentar domar o fogo... Nós, humanos, demoramos para aprender a manuseá-lo, e ainda temos tanto que aprender com o fogo! O desejo é algo destruidor, apesar de construir inúmeros prédios, é ele também o culpado pela destruição de tudo que se constrói.

 Hoje, vejo diante de mim uma nova oportunidade. Um momento de aventurar-me por outros caminhos. De fato, isto já se me havia apresentado há mais tempo do que posso perceber agora. O movimento interno já me mostrava que, apoditicamente, eu teria de encarar novas situações, enfrentar meus piores medos e buscar algo maior, a liberdade.

 Agora compreendo efetivamente o quão pesado é este fardo, o quanto de moedas de sangue são necessárias para ser livre. Vejo, empiricamente, a selvageria que subjaz a liberdade. Mas é necessário que eu enfrente o novo, o diferente, porque já me cansei do mesmo!

 Depois de tanto tempo, sinto aquelas mesmas sensações de saudade que eu sentia quando me distanciava daquele lugar de aventuras em São Luiz do Paraitinga... Agora, entretanto, o sofrimento é bem maior, posto que meu desejo já não é mais o de uma criança. Desde aquela época, meu desejo se tornou muito mais visceral... daí que o caminho que se me apresenta hoje não seja tão urgente, mas vem de longa data! Tudo não passa de símbolos que me remetem à minha busca por sentido na vida... E, talvez, eu jamais o encontre...

 Talvez eu tenha mesmo que me acostumar a este processo de criar e destruir, criar e destruir. Nunca o mito de Sísifo se tornou tão significativo para mim! Apesar do sofrimento constante que experimento por vislumbrar a eterna construção e destruição de meus próprios esforços, estou feliz por poder construir algo diferente (sabendo que um dia poderei estar sujeito a uma nova destruição também...).

 E o que me dói é este nó na garganta, porém, muito mais forte que o de outrora! Agora, este nó na garganta está todo embebido em uma teia gigante de relações que fiz, de inúmeras pessoas que me fizeram bem e mal (ou que nada me fizeram), de família, de amigos, de amores e dissabores...

 Diz respeito à minha cidade, ao lugar que eu encontrei e onde fui encontrado, um complexo de paixões e ódio, de alegrias e tristezas. Acumulei uma pesada bagagem, e esta bagagem, fruto de "eu+minha circunstância", é que colaborou para eu me tornar quem sou agora e quem estarei sendo daqui pra frente! Portanto, não são apenas as malas com roupas e livros, incensos e velas, caveiras e piano que eu estou levando para Vinhedo, são todas estas relações das quais fui me moldando e moldando minha realidade. Fui influenciado e influenciei a muitos!

 As bagagens, então, não serão carregadas somente por mim, pois eu compartilhei várias delas com outras pessoas. E estas pessoas estarão ligadas a mim, por meio deste acúmulo mútuo de bagagens, até o fim da minha vida.

 Vejo, de certa forma epifânica, um lapso do meu futuro. E já sinto tanta saudades de tanta gente, lugares e momentos! É uma tortura! Escrevo esse texto com a intenção de demonstrar a todos que se relacionaram comigo, para que saibam que são marcas que fizeram na minha memória para sempre, que jamais me esquecerei de minhas raízes como muitas pessoas fazem, pensando ser fruto de si mesmos! Eu não sou fruto apenas de mim mesmo, não posso transar comigo mesmo (e como queria poder!).

 Sou um resultado de tantos fatores, e estes fatores são sempre humanos. Agradeço, então, a todos os meus mais preciosos amigos que me proporcionaram os bons momentos para compartilharmos a solidão de quem existe; e agradeço a todos os meus amáveis inimigos, que só se constituíram inimigos porque são capazes disso, portanto terão sempre meu respeito!

 Estou indo, mas estarei ficando na mente de muitos... E na minha mente há um poço sem fundo, onde "jogo" todos os que amo, rsrsrs!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Postagem n° 100 -Minha desolação, minha angústia, minha guerra... minha vida!

"Comemorando" minha centésima postagem nesse blog, mais de 13.280 visitas, quero agradecer a todos os meus leitores, todos os que fizeram comentários, todos os que leram os textos que eu escrevi. E pra celebrar o 100° texto, eis aqui mais uma pérola minha, nascida e embebida no sangue de meus próprios sofrimentos (que são responsáveis por todo o meu desenvolvimento):

De que matéria é feita o artista, senão da angústia de sentir a inexistência de fundamento do real?
De que forma surge um guerreiro, senão desta vontade de querer criar um sentido para o mundo concreto, de melhorar a vida humana, de torná-la mais bela?
Ambos, o guerreiro e o artista, são uma mesma moeda.

Mas quem pode dizer do guerreiro que ele seja sempre forte? De fato, é porque ele enxerga seu destino de fracasso, sua própria morte, é que pode ousar ir para a guerra, ou no caso do artista criar sua arte, pois contempla que ele nada mais pode fazer, que está de mãos atadas, de que está jogado em sua própria solidão.
É daqui também que surge a alma de um herói ao estilo grego! Ele sabe que seu final será extremamente trágico, mas aceita seu destino, não foge dele, enfrenta-o até o fim, até que se derrame a sua última gota de sangue.

Hoje eu estou desolado pela minha própria solidão, mas que é isso senão um prenúncio da minha maior guerra, que é isso senão o vislumbre da criação da minha mais bela obra de arte, da música que será apenas minha, posto que foi criada durante o processo de minha solidão mais grave?

by Daniel Alabarce on Wednesday, December 14, 2011 at 9:53pm

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quem é meu próximo? PARTE II - Uma herança maldita

Em resposta ao comentário do Felipe, meu querido amigo, faço esta outra postagem, seguindo o mesmo tema do texto que escrevi um pouco antes, se você quiser ler, clique aqui

Falou corretamente, Felipe!E, tanto gostei de seu comentário, que quero acrescentar alguns pontos importantes, como desdobramento do que você escreveu!


De acordo com o desangelizador, Paulo de Tarso, os homens que não conhecem as leis de deus, morrerão e serão julgados de acordo com suas obras, independente do que diz as leis de deus (já que estes, neste contexto particular, não conhecem a lei, e se não conhecem, como serão julgados por não ter conhecido?)

Por outro lado, os que conhecem a lei, serão julgados de acordo com as leis de deus, dentre elas estão ordens das mais absurdas possíveis.

Supondo que estas leis sejam mesmo verdadeiras e existam em algum lugar do universo, não seria mais fácil que aqueles que não conhecem as leis de deus, que são inúmeras pormenorizadas em detalhes ridículos (as leis no Brasil foram criadas com base nesta forma de pormenorização da lei, vale lembrar...), enfim, não seria melhor que continuassem não conhecendo para ser julgado de forma justa, ou seja, pelas suas próprias ações e pelo poder da sua própria consciência, o que outorga, vale dizer também, uma noção de liberdade extrema e totalmente responsável?

Todavia, ainda permaneço na dúvida, pois sei que ela é mais eficaz no conhecer...

E, se, talvez, esse monte de leis consideradas divinas fossem um amontoado de leis criados num contexto histórico particular para um determinado povo particular, os judeus (ou hebreus, como quiserem)?

E se, talvez, essas leis não fossem realmente divinas, mas apenas humanas, dado o contexto histórico em que foram criadas, com a intenção de manipulação e controle de todo o grande rebanho existente, recém-saído do Egito antigo, uma terra cheia de conhecimento, saberes astrológicos incríveis e sabedoria que até hoje é fascinante?

Será que haveria outra forma de controlar um povo todo de hebreus (e de egípcios também que saíram juntamente com os hebreus "de balão") sem a criação de leis que tivessem sido dadas a um líder especial para manter a ordem dos indivíduos?

Será ainda que todo o Egito havia mesmo sido deixado para trás, ou teria permanecido marcado nas consciências dos hebreus, afinal eles ficaram no Egito mais de 400 anos, aprenderam muito com aquela sociedade, certo?

E por acaso isso não seria muito diferente do que acontece no Brasil, certo? Depois de uma ditadura militar, uma constituição foi criada para tornar o país democrático, mas, tendo sido criado no contexto de lutas e revoluções, também privilegiou os presos políticos... E também não é essa mesma lei, essa mesma constituição que, agora na atualidade presente, passa a privilegiar não os detentos políticos, revolucionários, mas os corruptos, os ladrões e os que se utilizam indevidamente do dinheiro público?

Ou seja, o povo hebreu não era um povo tão diferente do nosso. Apesar de se considerarem "os eleitos", com essa altivez imbecil, digna apenas de judeus mesmo, provocou uma calamidade histórica e cultural.

Porque, não satisfeitos em manterem leis que foram criadas apenas para eles e apenas para aquele devido contexto histórico, nos deixaram todas elas como uma herança maldita, da qual o cristianismo tomou para si como escudo e espada, matando todos os que discordassem delas!

Será ainda que podemos considerar o conceito de pecado que herdamos destes mesmos hebreus malditos e doentes?

Será mesmo que é pecado duvidar das leis "de deus", sendo que já conjecturamos que é possível que sejam mais humanas do que imaginamos...? Será mesmo que pecado existe? Será mesmo que todos os outros conceitos decadentes que nos sobrevieram desta raça maligna (e não estou fazendo distinção de raças de sangue, como um nazista, mas uma distinção de cultura, de pensamento)?

O Ocidente foi formado por três vertentes: uma romana, uma grega e uma judia...

Acho mesmo que todas as três só se uniram, porque todas as três aderiram também estes conceitos decadentes de pecado, culpa e juízo final...

Estes conceitos também foram bem oportunos para o capitalismo! Mas disto não convém tratar nesta postagem... Talvez uma próxima!

E tudo quanto é podre, nojento e repugnante no mundo moderno, pesquisem se tiverem dúvidas, é fruto de toda essa raíz hebréia, de gente doente e escravos revoltados contra aqueles que eram superiores a eles...

Fico imaginando um povozinho medíocre dentro de uma nação como o Egito antigo, esperando 400 anos por um libertador que nunca chegava... Os hebreus deviam mesmo odiar os egípcios, eles eram tão melhores que eles...

Daí a noção de santidade! Nós, os que sofremos, somos santos!

Daí também que para se tornar santo seja necessário tanto sofrimento, tanta humilhação, tanta... decadência!

Quer maior exemplo de escárnio e humilhação do que aquele que ficou exposto na cruz?

Ei-lo aí, o tempo todo, jaz na cultura ocidental um defunto!

sábado, 10 de dezembro de 2011

O Sóbrio

Saí da taverna, de papo pro ar,
Mas senti o chão sob meus pés balançar...
O lado direito, o esquerdo, qual é?
Ó rua, estás bêbada, por minha fé!

Lua, que estranha imagem é a tua!
Olhas tão vesga para a minha rua...
Ó velha amiga, tu estás embriagada -
Isto não te fica bem, camarada!

E os lampiões, que visão deprimente!
Nenhum só está firme, ereto, decente!
Todos oscilam pra cá e pra lá -
Cada um deles bêbado qual um gambá!

Tudo balança, é a maior confusão!
Sóbrio só resto eu, meu irmão!
Graça não tem aqui bater perna:
Acho melhor eu voltar pra taverna!

BELINSKYM Tatiana. Um caldeirão de poemas. São Paulo: Companhia das letras, 2003. p 15.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Quem é meu próximo?

Tenho por mim - aprendi muito bem essa lição - que a pior coisa a se fazer é ajudar o próximo, porque o próximo nunca é tão próximo quanto pensamos. Sou a favor de que cada próximo ajude a si mesmo, e só se estiver totalmente desapegado e capacitado de maneira adequada deverá ajudar um próximo que estiver por perto... E aqui sim sou favorável ao "dar sem esperar nada em troca" que o Jesus ensinou.

Próximo é quem está perto, ou seja, minha própria sombra! Quem decide tudo na minha vida sou eu mesmo, quem escolhe A ou B (ou C) sou sempre eu! Quem sofre a angústia de escolher C e experimentar a dor de não ter escolhido A ou B, também sou eu. Então o próximo mais próximo de mim, sou eu mesmo!


Fato é que o único cristão morreu numa cruz, todo o resto é apenas palha, ninguém é cristão! Ninguém oferece a cara a tapa, ninguém ama seu inimigo, ninguém quer o bem do outro... Ninguém morre pelo próximo... A história da nossa linda humanidade tem provado que o próximo é aquele que é colocado em fogueiras, torturas, acusado sem direito de defesa, invejado e excluído. O próximo de quem Jesus falou é sempre aquele que nós mais afastamos! Logo, já não é próximo, mas distante!

Mais uma vez aprendemos a lição. Jesus estava um tanto equivocado ao dizer que o próximo é quem está fora, o outro, as pessoas ao redor... (ou será que interpretaram errado o que ele disse? Bom, isso também é uma constante em nossa história: a deturpação de tudo o que dizem os sábios!)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Ignorância: Modo ON!

Acabei de chegar em casa, com quatrocentas mil idéias sobre o que poderia escrever...
Mas não acho que vale a pena!

Pode ser meu complexo de deus falando mais alto hoje... cheguei a conclusões tão interessantes, vi tantos horizontes se escancarando diante de mim.

Mas... não acredito que eu deveria escrevê-los aqui, num ambiente virtual...

Talvez eu queira, no meu inconsciente, compartilhar estas idéias.

Mas o que são idéias, senão folhas que o vento leva para onde quiser?


Só sei que, neste caso,talvez somente eu seja merecedor de degustar este conhecimento, porque somente eu tenho essa percepção do mundo, hoje, agora.

Existem coisas que não podem ser compartilhadas, e as melhores riquezas são aquelas que estão veladas a todo o resto!

A ignorância é um santo remédio, por isso estou exercendo meu poder de ignorar o juízo de qualquer leitor...

Basta-me apenas que saibam isso: estou desfrutando deliciosamente de minhas próprias perspectivas! Tem sido ótimo!

Do it yourself!