quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cálice de música das esferas!

Há muito tempo atrás um amigo meu precisava fazer resumo de um livro de um autor árabe.
E como não gostasse muito de ler, ele me pediu para fazer o resumo.
Aceitei, porque vi oportunidade de conhecer algo diferente.
Agora não vou conseguir lembrar todo o enredo, toda a história, só me vem à memória uma frase (e não literal, pois minha memória não permite citar ipsis litteris): "O coração é um cálice e a tristeza o torna maior para que sempre caiba mais vinho, mais alegria."

Algo assim ou parecido! rs

Achei muito bonito esse texto, lembro que foi uma ótima leitura, e disse ao meu amigo: "cara, você não sabe o que está perdendo em deixar de ler esse livro". Enfim, escrevi um resuminho bem tosco pra ele, o que (na altura dele) seria algo genioso... Ele levou pra escola e tirou uma nota razoável. rsrsrs.

Hoje eu estou aumentando a profundidade do meu cálice, alargando suas bordas, mas não espero, sinceramente, que venha uma quantidade maior de vinho. Espero que venha alguma bebida, doce ou amarga. Desejo apenas que não falte bebida neste cálice! Seja vinho, cerveja, rum ou hidromel (metafóricos e/ou não), mas que nunca faltem bebidas!

Essa tristeza no coração, essa dor que machuca, esse "mal-estar", esta náusea... Parece que nunca cessa.

As pessoas me veem rindo de tudo, na verdade eu rio dos detalhes, nunca de tudo. O tudo me assombra! Por isso desfoco o olhar e reparo tanto nos detalhes, pois os detalhes são irônicos, engraçados e divertidos. São transitórios e passageiros, simples e tão óbvios, mas quase ninguém enxerga. Eu os enxergo, por isso me divirto!

Mas diversão é bem diferente de alegria. Eu me divirto: ponto! Carregar essa dissonância dentro, escutar este som semelhante a um diapasão desafinado continuamente, sentir essa chatice psicológica, esse cansaço e desânimo internos é a pior coisa que existe.

Como todo som repetitivo, este também tende a ser absorvido pela mente, de tal forma que não o ouço na maioria das vezes, mas dá pra sentir os efeitos dele.

É ruim quando eu saio do estado hipnótico das relações que tenho com as pessoas e com as coisas e volto a ouvir aquele sonzinho insuportável de tristeza dentro...

Talvez fosse isso que Pitágoras chamava de música das esferas... ???

A música está em tudo, e quando nós conseguimos captar o som universal, então sentimos quão pouco sentido tem tudo isso. E como esta música é desagradável e sem graça!

Decepcionante, não?

4 comentários:

  1. Ou este estado hipnótico das relações com as pessoas e com as coisas pudesse ser mais real e produzir um som menos desafinado e um pouco mais alto que a dissonância triste que ecoa lá dentro.

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  2. depende das pessoas com quem nos relacionamos, né, nay!? Por exemplo, o som que é produzido quando a gente conversa é ótimo, e faz muito bem, rs!

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  3. É Daniel... Estamos afinados no mesmo diapasão! rs. Faz bem a mim tbm, sempre! Bjos!

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  4. "Rir de tudo é desespero." - É meu caro! A gente está aí; tudo transborda, ao mesmo tempo, tudo nos falta! Parabéns!

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