A cada dia torno-me mais forte, porque enfrento tantas coisas que não me matam!
A cada dia, porém, torno-me também mais frio, mais descrente na raça humana, e mais apaixonado, contraditoriamente, pelas pessoas boas que encontro.
A cada dia aprendo que gosto mais da noite, da falta de luz solar direta.
A cada dia me apaixono pela luz indireta refletida na lua.
A cada dia a lua negra transmuta-se em estética perfeita, representação dos meus desejos mais sombrios e ocultos, dos meus medos mais fulminantes e da minha coragem mais imperecível.
A cada dia amo com mais intensidade.
A cada dia odeio com mais profundidade.
Meu amor e meu ódio se constituem de matéria cada vez mais grotesca, cada vez mais sofisticada, mais especializada na rude grosseria dos instintos.
E a cada dia torno-me mais indiferente, mais cauterizado, mais endurecido...
Mas a cada dia aprendo a beleza mais abismal de tudo o que se contradiz, de tudo o que é devir, de tudo o que não pode ser planejado, de tudo o que é crítico, imprevisível...
A cada dia aprendo a criar sentidos
A destruí-los
E a reconstruí-los novamente até que a morte me separe ou me dilua no nada!Até que a morte me mostre a imperceptível fragilidade de tudo o que é vivo!
Daniel Alabarce
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