quinta-feira, 11 de julho de 2013

Catedral da Nota em Bolha


11.07.2013


No limiar da nota em bolha,
O bordão suave ecoa
Como um cristal que soa
Um nirvana musical

Uma onda que estoura
No ápice de uma frase
Delineando melodicamente
O caminho místico harmônico
Que conduz como a um vento
Um sutil lamber do orvalho
Que escorre gentilmente nos meus dedos
E afunda a tecla no piano, intenso

O topo exprimível em palavras
De forma doentia
Acaba recrudescendo a sensação
Não há como verbalizar a música
Daí que eu não goste de músicas e poesia unidas
Apenas os sons, e somente a relação entre eles
São suficientemente capazes de apontar o eterno
De apresentar da maneira mais sublime
A harmonia de várias vozes, e de várias pessoas
Que dançam a vida do Tudo é Movimento
Apenas os sons são eficazes na Arte Heraclitiana
A arte de experimentar a vida por meio do som
Que reverbera na teia da existência,
Cujos fios as moiras, afoitas, desejam atacar!

Eu atingi o nirvana, mas fui trazido com uma mó de atafona nos pés
E fiquei preso mais uma vez no cotidiano banal do mundo
Desejoso por contar a todos e fazer todos os esforços
Para apresentar a possibilidade infinita de que todos voem
Voem para alturas de ares não viciados
Mas eles estão todos viciados, tenho poucos amigos...
Tenho poucos que me compreendem nessa angústia
Angústia altruísta, de desejar que todos sejam livres
E ver que o real desejo destes pobres pequenos
É comer o pão, beber a água e tudo fazer com agilidade
Esbarrando aqui e ali nas colunas do mundo
Como cegos e surdos... mudos eles não são,
Pois reclamam da “vida” todo tempo
A culpa é o argumento preferencialmente nobre a todos estes
Culpada é a vida de não ter me oferecidos condições para voar

Eu vou voar,
Vou voar a trajetória toda de um som
Vibrar como um raio das minhas próprias cordas musicais
E fazer ressoar a música da minha existência inteira
Como um agradecimento ao complexo emaranhado de variáveis
Variáveis infinitas que colaboraram para ser quem sou
O artista de mim mesmo
Crio, pois, meu mundo, crio o mundo inteiro que sou eu
Crio minha paz e minha beleza mais pura,
Minha liberdade de digerir o mundo sem malícia
Minha ferocidade infantil por rir do abismo
E minha mansidão de ter o direito de mudar de idéia

Eu sou um som
E juntos podemos ser uma sinfonia inteira
As dissonâncias e consonâncias
Estas serão as ferramentas, não para destruir,
Mas para edificar um castelo feito de acordes
Notas e todos os sons mais diversos

A catedral da deusa mais predileta de todas as nações, povos e raças: a Música!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário!