quinta-feira, 4 de julho de 2013

Piano Agridoce ao Curry e NagChampa


04.07.2013


Cada noite sentado ao piano e todas as vezes em que, perto da janela, sentia uma dor pulsar nas mãos por tanto ficar estudando valeu a pena. Cada professor que tive, todas as lições que apreendi se constituíram para mim em sabedoria para uma vida inteira – e quem sabe para todas as próximas. As gargalhadas, as lágrimas e os perfumes, as grandes e pequenas audições, as palmas de agradecimento ou os olhares de desapontamento das pessoas que sempre souberam do meu potencial, nada foi em vão. As marcas, as cicatrizes, as seqüelas, as memórias, a nostalgia meio-alegre do tipo agridoce, tudo agora se apresenta diante de mim como suaves instantes efêmeros que, a despeito de sua rapidez assombrosa, me impressionaram eternamente, e re-cordo com um carinho especial todas estas coisas silenciosamente e com um sorriso furtivo no canto da boca, satisfeito por ter sido tempestuoso em tudo que fiz, exagerado na minha forma de comer o mundo inteiro por meio da arte, intensamente ébrio do cálice de tontear da Música das esferas, dos cubos e das formas sem linhas limítrofes – a estas, principalmente, ao disforme, ao dionisíaco, ao estranhamente agradável, sim, essencialmente a esta multiforme luz caótica que me rasgou por inteiro é que sou grato por hoje poder ter dado início à minha transvaloração e à minha paz, sorrateiramente inquieta e inquiridora em sua sede, mas profunda.

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