segunda-feira, 12 de agosto de 2013

KOYAANISQATSI - um filme para quem tem estômago forte e sensibilidade aguçada

12.08.2013
Koyaanisqatsi

ORIGINAL:Koyaanisqatsi (1982)

SIGNIFICADO DO TÍTULO DO FILME:"Vida fora de equilíbrio...Se nós tirarmos coisas preciosas da terra, convidaremos o desastre..."
DIRETOR:Godfrey Reggio
ROTEIRISTA:Ron Fricke, Godfrey Reggio, Michael Hoenig, Alton Walpole
TRILHA:Philip Glass
(quem quiser baixar, tente neste link http://www.downloadcult.com/2011/08/12/0706-koyaanisqatsi-1983/ )

Particularmente é um dos filmes que mais me agradaram estéticamente e musicalmente, degustei o filme como degusto um vinho ou uma cerveja alemã ou norueguesa.
Cada acorde, e cada sequência de notas, os intervalos de 5° utilizadas sempre quando as imagens eram gigantes e potentosas, repletas de admirável gigantidade, os arpejos mais largos para cenas circulares, e os sons contínuos com a intenção de compelir o expectador à exaustão diante daquilo que é a realidade crua sendo apresentada, mas ainda com o véu da arte para amenizar o choque.
Heráclito dizia que tudo é movimento, e o diretor do filme levou isso a sério quando quis captar e acelerar ou deixar muito lento os frames e construir uma obra prima de arte que deu conta de fazer a fusão da música com o fluir das cenas.
Phillip Glass é um gênio em ter conseguido captar o Zeitgeist, mais ainda por ter conseguido apresentar passo a passo, ao bom expectador, um prisma completamente verossímil de nossa mais nua realidade: a realidade de uma civilização que está fora de equilíbrio, que exige que os indivíduos sejam equilibrados, mas cuja força motriz fundante se boicota por possuir como base de sua subsistência o paradoxo da auto-destruição.
Coloco minha mão à boca e minha reação é dúbia, pois ao mesmo tempo que tenho plena consciência da vertiginosa koyaanisqatsi em que vivemos como seres esquizofrênicos num movimento que, de fato, é um pseudo movimento de coisas, já que a mudança ocorre apenas a nível superficial, mantendo as estruturas mortas de nossa civilização, e me sinto satisfeito por conseguir enxergar a condição trágica em que nos encontramos... por outro lado... isso espanta de tal forma, que sinto um mal estar contínuo por saber que não Há esperança, a não ser a de enterrar esta aura da morte, este entorpecimento social, dar fim às conexões e começar a construir outras, novas (que poderão nos levar também ao destino da paranóia, mas preferencialmente será uma nova paranóia...
A beleza da natureza é suprema, oceânica, e a construção humana é apoteótica, gigantesca, mas beira o ridículo e a estapafúrdia de um desespero insano por mais, sem nem mesmo saber o que se deseja, apenas se deseja e segue o fluxo contínuo para frente, sem saber também se o rumo correto é pra frente... ninguém olha pra cima, nem para baixo, e todos estão entregues a se debater violentamente e se contorcer angustiosamente procurando em algum lugar alguma coisa que não se sabe o que é...
 Há muita beleza, arte, poesia, existe muitas idealizações, mas o real nos oprime e nos coloca diante de nós mesmos o tempo todo e nos aponta nossa finitude e pequenez diante do universo...
Quem somos nesse raio ululante que rasga os ouvidos com o assombro das máquinas e do enfileiramento febril rumo a campos de concentração modernos, cuja sina é dobrar papéis, cortar papéis e ferros, e apertar botões e vigiar para que os botões apertados sejam os corretos...
que bom que ainda há diretores e compositores e artistas em geral que se comprometem em fazer um tipo de arte revolucionária que incomode furtivamente, que desmascare o que é podre, mas que está escondido, escamoteado nos hábitos cortesãos dos cidadão de nariz levantado cuja arrogância moralista os cega de perceber o rumo funesto que nossa sociedade assimila organicamente: a destruição própria, a morte absoluta da civilização moderna!



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