quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Profusão aquática gradual

15.10.2013
04h06m

As gotas de chuva tardia
Após as horas abafadas matutinas
Galantes e tímidas festejam
Sapateando com doçura em meu telhado

O cheiro amarronzado de meu jardim
Se instaura nos cômodos de minha casa
E o vento em brisa fresca que me afaga
Entoam a música da solidão noturna

Solidão soturna dos que dormem
Despertar sutil de meus morcegos
E aranhas, e cães, e gatos
Que, tal como faço,
Saboreiam uma carícia do clarão do luar...

A dança gradativa
Intensifica a gostosa curvatura
Dos pingos d'água que morrem
No último aceno à vida de gota

Eu as observo e as experimento
Morrendo, algumas, em meu corpo
Penetrando minha epiderme e biogênese
Presenteando-me com o torpor de bem dormir

Sob o som estético do chover
Numa augusta e abafada noite
Em que apenas eu escrevo - e vivo -

Desejo-as, daqui de meu quarto,
profusas dentro de minh'alma
Gotejando com maior aceleração
Turbulentas e passionais até que me afogue...

Que me afogue no barulho aquático celeste
De sua origem distante e próxima
Um presente em forma de Chuva...
Agora, Torrencial!

Daniel Vieira de Carvalho
(o Alabarce)


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