Porquê?
Porque sentimos dor?
Porque penso que há uma
justificação para a dor? Há uma justificação para tal coisa?
Quê é a dor?
Porquê?
Porque a vida permite a
efervescência da dor?
Qual o motivo causal da Dor que
dilacera
desde a raiz do corpo e vai até
a medula da alma?
Porque a dor se apresenta como
passado, presente e futuro?
E porque temos a impressão
suspeitosa de que a dor seja
um elemento eterno?
Porque parir é dor? E porque a
morte assombra-nos
com a fantasmagoria da dor?
Porquê?
Como? Como surge a dor?
De onde ela vem e para onde vai
quando cessa?
Ela cessa realmente ou eu apenas
a deixo de perceber?
Como a dor se transforma em
prazer?
E até que ponto o prazer pela
dor não é
um mero reflexo de compensação
do ódio pela dor e pela
frustração
de não sabermos como lidar com o
sofrimento?
Como? Como transcender a dor no
corpo sem abdica-lo?
Preciso, então, transcender o
corpo, não a dor?
Como realizar tal façanha
se é o corpo quem me propicia a
vida que tenho?
Devo, portanto, conformar-me com
a dor
e, assim, com meu corpo e também
com a vida que me deu o corpo?
Deu-me-o apenas para sofrê-lo,
um mediador para a dor como uma meta?
Como é possível ver o meu corpo
e a vida deste corpo como
veículos da dor,
se também é pelo corpo que sinto
prazer no pôr do sol,
se é ele o único meio para
sorrir
a alegria de uma noite estrelada
e sentir o frescor do inverno?
O quê é a Dor? E a Vida? E o
Corpo? Quê? (...)
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