terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Pedaços de bolacha no chão...

Não consegui dormir ainda, e nem quero. Pretendo continuar acordado um pouco mais!

Senti um sabor de melancolia no sol que brilhou hoje na janela, mas uma melancolia doce, agradável ao paladar.

Senti prazer em poder acordar, tomar café com meu tio à mesa, desejar um bom dia à minha família e ficar só por um tempo olhando minha mão que segurava uma bolacha com maionese.

Olhei tudo ao redor: As panelas, os copos, a mesa, o bule, as paredes, os vidros das janelas refletindo e deixando a luz solar atravessá-los...
Olhei tudo ao redor: As tragédias e desastres causados pelas chuvas, os desabrigados e mortos.
Olhei tudo ao redor: Meus amigos e inimigos, meus sonhos e os sonhos dos meus amigos... e também os sonhos dos inimigos.

E a melancolia doce/amarga se constituia em mim como a síntese de tudo isso aliado ao conhecimento de que tudo isso possa estar totalmente desprovido de um sentido, desprovido de finalidade.

A melancolia tornou-se silêncio, que tornou-se admiração e se transformou em espanto!
Olhando tudo ao redor: os pássaros cantando, meu cachorro me observando, os pedreiros barulhentos ao lado de casa trabalhando, a televisão ligada, o bule na mesa... e os pedacinhos de bolacha que eu havia deixado cair no chão.

Só por que não haja finalidade, não se pode concluir que nada deva ser feito.
Só por que não haja sentido, não se pode concluir que nada deve ser valorado.
Só por que não haja valores absolutos... Não significa que não possamos valorar coisas.
E só por que as moscas e ovelhas lutam desesperadamente para não abandonar as ilusões da régua ilusória transcendente... Isso não significa que nós não devamos criar e construir novas medidas, novas réguas, novos modos de ver, novas lentes, novos olhos!

E a boca fala... do que o coração está cheio!! E o mundo humano nasce e morre na boca do próprio humano!!

No caso do rebanho contra os espíritos livres, a sentença é: CULPADO!

8 comentários:

  1. Hoje vivemos na era da culpa ( se é que já não vivíamos antes).
    É um absurdo a gente se sentir culpado quando fazemos nada.A questão da saúde se tornou um questão moral-pessoas fora de forma são vistas como derrotadas, sem força, perdedoras. As academias de ginásticas que deveriam ser lugares de saúde tornaram-se lugares de doenças (as pessoas ficaram doentes pelo físico "perfeito").
    A pessoa está com câncer e vem um psicólogo e diz que foi ela que "criou" aquela doença (não existe nenhuma comprovação científica que ateste esta afirmativa).
    Guilty!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

    Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."
    Clarice Linspector

    Não é porque não são minhas palavras q são menos verdadeiras... n tem porque achar a razão e a explicação pra tudo...
    as melhores coisas da vida não tem muita explicação...
    de onde vem o amor incondicional?
    Porque eu choro qdo assisto um filme forte?
    pq sonhamos? e de onde eles veêm...
    Quem é Deus?
    Oq está certo a criação ou a evolução?
    Todas essas perguntas têm suas explicações. Mas nenhuma delas é 100% correta, todas nem q seja 1%, mas todas tem grau de incerteza e este resta para a fé humana...
    Seja na criação de Deus... na evolução por Darwin, no amor verdadeiro... em extraterrestres e assim por diante...
    por isso eu acredito q certas coisas não têm resposta e nunca terão... então, em vez de perguntar por que o Sol brilha, pq não apenas sentimos seu calor? Pra q saber a razão do amor? ele n tem razão, eh para ser sentido...
    enfim...
    viva a vida, sinta-a... questiona-la é perda de tempo.

    Bjo!
    Como sempre Dani, seu blog ta excelenteee!
    parabens!

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  3. Obrigado, Talita. Concordo com você, o mundo é irracional mesmo, e também o é a natureza... Constatar que o mundo e a vida não tenha uma finalidade nem um objetivo é uma coisa pavorosa, mas maravilhosa ao mesmo tempo...

    E sim, somos sentidos todo, somos tato, paladar, somos pele, somos abertos a percepções sensoriais, somos corpo... e por isso devemos sentir o mundo, experimentar o mundo. E como amo a vida por causa disso!

    Mas não podemos deixar de questionar nossa sociedade, nem de perguntar se há novas possibilidades, por isso que a atitude questionadora é importantíssima. Um homem que suplanta essa capacidade já não é humano, pois faz parte da nossa constituição natural.
    Questionar não chega a ser uma perca de tempo, não podemos aceitar tudo como está, pois pode ser que tudo poderia ser de outro modo... e quem sabe melhor?
    Mas, sim, certeza ninguém pode ter. O mundo é movimento. E aí está o dilema da existência humana, ou seja, existir sem saber a causa da existência. A iminência de saber que não há sentido para a própria existência, para muitos, é o mesmo que a MORTE!

    valeu mesmo!

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  4. E obrigado, Salieri, pelo comentário.

    A respeito de sentir culpa em não fazer nada... Bom eu não sinto culpa nenhuma, rsrs! Eu até gosto de não fazer nada em alguns momentos da vida.
    Isso não significa abandono total da práxis, apenas um tempo para se fazer nada.
    O ócio pode ser produtivo!

    Sobre a saúde, não sei se é um tema que cabe no texto que eu publiquei, mas é verdade que a questão da saúde se tornou questão moral também.

    O ideal de mercadoria, Salieri, é o grande culpado, pois é necessário que uma mercadoria esteja sempre nova para que nós, consumidores, possamos comprá-la. O prazo de validade é o mesmo que dizer sobre a expectativa de vida de uma pessoa... Quer dizer, depois dos 40, 50 anos o indivíduo já não serve muito, passou do prazo de validade.

    O mesmo ocorre a respeito da aparência do corpo físico. Não podemos também negar que a preocupação com o corpo seja fundamental, mas a preocupação com a mente também é crucial.
    É a máxima do humanismo: mens sana in corpore sano!

    Agora, a respeito do câncer poder ocorrer por causa de um desequilíbrio emocional, bom... Realmente isso é verdade.

    Todos nós temos uma célula cancerígena, e por meio de várias observações e pesquisas foi, sim, comprovado que pessoas com tendências depressivas, e desequilíbrios emocionais podem dar início ao desenvolvimento da célula cancerígena. Isto é, a maioria das pessoas que desenvolvem câncer, sempre tem fundo psicológico! É fato!

    Muito obrigado por comentar!

    estarei visitando o seu blog também!

    abraços!

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  5. Daniel, desculpe a insistência no assunto, mas continuo afirmando que não há até o momento provas científicas conclusivas da relação entre câncer e problemas emocionais. Alguns estudos apontam no sentido de alterações de algumas séries de linfócitos (um tipo de célula de defesa ) relacionadas com períodos de sofrimento emocional importante (esta célula está ligada à ocorrência de linfomas e leucemias), mas isto não é provado ainda(veja bem, ainda).O Dr. Drauzio Varella em seu site também é categórico com relação a isto.
    Mas acho que estou tumultuando seu blog com assuntos que não são pertinentes.
    Abração!!!

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  6. Com certeza eu posso dizer que NÃO! Você não está tumultuando o blog, jamais! Gosto que comentem aqui, mesmo quando não há concordância entre as partes.

    É exatamente aqui o lugar certo para se discutir, pois quando se fala em crítica, fala-se também em embate, em pontos de vista diferentes e contraditórios até.

    Isso não é mal sinal, muito pelo contrário.
    Talvez as fontes que eu me utilizei estejam erradas. E não tenho problema em assumir um erro, pois errar faz parte! Sem erro não chegaríamos a lugar algum (nem precisaríamos chegar, pois subentende-se que já se está no lugar certo, já que não há erro)...

    Pode continuar comentando sem medo de ser feliz, amigo!

    até mais!
    abraços!

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  7. Que lindo Dani!

    As vezes também sinto algo parecido com isso que você descreve, o mundo te invade e parece que você se esvazia para recebê-lo (comigo é assim, será que se aproxima do que você escreve?.

    Entendi o que você disse com não há sentido ou finalidade para as coisas, estava falando de um sentido e uma finalidade universal, absoluto, mas creio que o sentido e a finalidade das coisas quem damos somos nós.

    Um abraço!

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  8. Exato, tici! Exatamente isso! Creio que sentidos, assim como tudo o mais da realidade humana (Heidegger), são construídos mesmo!

    Ou como Sartre diria: Existência precede essência!

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Obrigado pelo comentário!