quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Luciferianismo" ou: "Ensaio sobre Amor Platônico"

Um sorriso e um aperto de mão foram o início de um amor proibido, de uma história sem final, sem clímax, sem resolução. Um acorde dissonante, o sétimo grau insolúvel, um trítono de amor platônico.
Um presente, uma dádiva e uma maldição...
Foi como uma droga que experimentei uma, duas vezes, e depois de algum tempo me viciou completamente. Já não consigo mais ficar longe, meu organismo pede sua presença, seu cheiro e aquele sorriso que me faz derreter.
E agora vejo quanto de amor há, quanto de carinho e amizade existe. O problema é que, por ser proibido, não pode ser consumado jamais.

Meu coração tem sofrido amargamente cada momento que seu cheiro se aproxima, e sofre também quando o vento o dissipa, justamente porque jamais poderei verbalizar, pronunciar, dar existência real ao meu pensamento, ao meu amor, por isso, com tristeza abismal, assumo que será platônico até o fim.
E meus olhos correm na direção de vários amores platônicos, e como abomino isso: Amar pessoas que eu mergulhei na solidão das minhas conexões neurais. É um amor egoísta e destrutivo, que se faz real para mim apenas, não para quem é amado. Mas não tenho controle sobre minhas vontades, meus desejos mais secretos são os que me dirigem. Não existe razão que seja forte suficiente para resistir o instinto, pois o instinto e a vontade são como cães presos por muito tempo, que ao serem libertados avançam ferozmente contra o primeiro que lhes cruzar o caminho.

Será - diabos do inferno -, então, que terei de me acostumar mais uma vez a amar na caverna da ausência? Talvez esta seja minha sina. As moiras se mostram sete vezes mais aterrorizadoras que o normal! Os deuses traçaram uma linha fina e podre para rirem desta triste comédia, para se embebedarem e se alegrarem em minha condição miserável.
Já não tenho força pra agir fisicamente contra este mal que me oprime, e minha mente já desistiu de resistir a este tormento feito de sentimentos etéreos... Por isso eu prefiro aceitar o destino, amar os fatos e reconhecer que, neste canto do meu corpo, nesta parte da minha mente haverá trevas intensas eternamente. Declaro, pois, que amo esta escuridão, que a transmutei em parte biológica minha, um novo órgão, necrosado desde que surgiu. E cada vez que olhar para esta penumbra sombria e medonha, redescobrirei força e coragem para viver, para amar ainda mais...

Um dia, penso eu, os deuses me abençoarão com a Luz mais bela que se me apresentou.

Este que transporta o brilho do sol e, contraditoriamente me afoga em sombras, um anjo irá destruir minhas trevas interiores! Este anjo lindo, que sorri carinhosamente para mim. Este anjo caído que roubou uma das luzes de minha existência...

3 comentários:

  1. Aiiiinnnn!! *.* .. q amor :( ...e triste... mas lindo tbm. Nhaaa!!

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  2. Amor é bom mas envelhece. Não amar é melhor, mas destrói. Então: o que é o humano e para que ele nasceu? Responda-me filósofo.

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  3. é o paradoxo microcósmico do Paradoxo Universal, rs

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