terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ode aos meus infernos

Escrito dia 11.11.2012

Gratidão e tristeza se misturam em mim todo o tempo, sem que exista ao menos um interstício de silêncio na mente. É assombroso o modo como lembranças de saudades já tão remotas conseguem aprisionar expectativas longínquas.

O meu presente é um fato, é um fado, é uma sina. Uma sina voluptuosa das moiras que traçam as linhas do meu irônico e gracioso destino, moiras que se unem a deuses e deusas da lua minguante, conduzindo-me no caronte do meu próprio inferno para desnudar minha lua negra de lilith com seu deus de chifres... e eles dançam sobre mim, rindo e entoando cantos maravilhosos da contradição interna da minha própria natureza cínica.

Baco espiralar da minha mais doce e íntima tragédia, teus sátiros e tuas ninfas nuas se encontram selvagemente no meu plexo solar, riem e choram aos gritos de um desespero embriagado da hybris alegre-triste que corrói por fora e germina dentro de mim uma semente sagrada de tua loucura mais densa e labiríntica!

Gratidão e tristeza são as duas forças que, entre tapas e beijos, ejaculam e cospem no meu pâncreas... O som mais enigmático da dança macabramente divina dos deuses do meu próprio olimpo, indo e vindo, do céu ao hades mais recôndito,

minha festa de sofrimento e disparates de euforia no acasalamento com a antiga serpente luciferiana,
meu inferno particular, saturnália, ditirambos orgiásticos que me jogam continuamente no meu eterno devir!

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