Da Guerra
08.06.2013
Olhai os resquícios de uma triunfante tempestade que
arrastou após si uma multidão de casebres de mofo, deixando um rastro de
destruição...
Olhai os lírios do campo de guerra, estendidos como pedaços
dos sacrifícios de apaziguamento da ira do dragão que se elevou, altivo, sobre
nossas armas vis.
Olhai as mãos lentas que dançam tristemente a gesticulação
do assombro e da rouquidão, do choro silencioso e dos soluços que anunciam a
paz...
Olhai para o céu que agora, tranqüilo, se reconstrói na luz
imarcessível de Ra, lançando as colunas da esperança do nosso eterno hoje.
Olhai e vede como é bom sentir o vácuo que, como véu ou
séquito de realeza, passou... E dos estalos das folhas secas que, caídas, se
revelam corajosas todas diante dos vermes que as irão devorar...
Olhai e vede quão pequena e forte a morte que copula com a
vida, produzindo a cósmica tensão que ressoa o mundo todo na vibração do
diapasão de deus...
Olhai e experimentai como é bela a promessa quieta que nos
olhos de remela de uma criança revela o amor que é mais forte que o desespero
de qualquer guerra...
Olhai e vede quão saborosa é a vida, apesar de suas
imperfeições, imperfeitamente admirável!
Olhai e vede a vida como flor que nasce, cresce e já não é
mais.
Olhai a outra rosa que agora nasce, e a próxima, e a de
outrora
Escutai! Todo o resto numa nota se desfaz!
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